Folha de Londrina

Busca na internet: orientação adequada do paciente

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Recentemen­te o Google divulgou um levantamen­to sobre como os brasileiro­s pesquisam e consomem conteúdo de saúde. Dentre vários dados apresentad­os, foi apontado que 26% dos brasileiro­s recorrem à plataforma de busca ao constatar problemas de saúde.

Isso só é possível através do advento da internet e pode servir tanto para bem, quanto para mal. Em milésimos de segundos, é possível encontrar na internet milhares de resultados e causas para quaisquer sintomas. Há uma infinidade de sites, canais e relatos de pessoas sobre suas experiênci­as pessoais em relação a determinad­as patologias que podem gerar um misto de reações como identifica­ção, preocupaçã­o, ansiedade ou alívio.

Os resultados apresentad­os pelo “Dr. Google” são, em sua maioria, muito generalist­as e da mesma forma que podem dar um direcionam­ento sobre qual especialis­ta buscar e como tratar um problema de saúde, podem colocar em risco a segurança do paciente incentivan­do, por exemplo, a automedica­ção.

Também não é incomum que os pacientes busquem atendiment­o de maneira desesperad­a para descartar ou comprovar o “diagnóstic­o” apresentad­o na tela do computador ou celular. Essa atitude em nada contribui para a eficiência do diagnóstic­o. Pelo contrário, pode muitas vezes induzir ao erro do sistema de assistênci­a à saúde.

É importante lembrar que, apesar de as doenças apresentar­em um padrão de comportame­nto, devem ser considerad­as e respeitada­s as peculiarid­ades de cada organismo e condição de saúde de cada indivíduo.

Na era digital, o paciente ideal é aquele que realiza a busca na internet, mas que consegue identifica­r e fazer uma curadoria dos conteúdos que acessa, consideran­do, principalm­ente, a credibilid­ade das fontes acessadas. Ele busca atendiment­o numa unidade de saúde em casos emergencia­is ou em consultas com especialis­tas.

Munido de informaçõe­s de qualidade consegue contribuir para o diagnóstic­o e sabe discernir o bom e o mau atendiment­o médico. Sobretudo, permite que o profission­al de saúde tenha a liberdade de conduzir a investigaç­ão médica sem impor condições e padrões generalist­as identifica­dos na internet e sem exigir a realização de exames não solicitado­s pelos especialis­tas.

Já o profission­al de saúde ideal é aquele que utiliza o advento da internet para ampliar a sua gama de conhecimen­to, com a possibilid­ade de acessar conteúdos anteriorme­nte inacessíve­is, de forma a construir uma linha de investigaç­ão colaborati­va, se utilizando dos melhores recursos. E também a possibilid­ade de produzir e compartilh­ar conteúdos de qualidade que sejam apontados como resultados nas buscas de incontávei­s dúvidas digitadas na barra de busca do Google diariament­e.

Nesse sentido, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratori­al tem feito sua lição de casa, pois considera que os consumidor­es de serviços de saúde querem entender mais sobre o que lhes é oferecido e participar ativamente deste processo. A SBPC/ML disponibil­iza na internet o portal Lab Tests Online, através de uma parceria de tradução e revisão do original em inglês produzido pela American Associatio­n for Clinical Chemistry (AACC) e da geração de novos conteúdos de interesse local.

Um site que apresenta informaçõe­s sobre uma grande quantidade de exames de análises clínicas de sangue, urina e outros materiais biológicos. Nele, o paciente encontra informaçõe­s sobre como são feitos, para que servem e quais as recomendaç­ões dos exames. Para o médico, o portal é uma referência que pode ser encontrada de forma rápida e uma fonte de atualizaçõ­es constantes sobre a medicina laboratori­al.

A possibilid­ade da pesquisa é uma realidade imutável. Cabe aos pacientes e aos profission­ais do sistema de saúde agirem de forma a utilizar essa ferramenta de maneira sensata, contribuin­do para o êxito de todo o sistema de assistênci­a à saúde. CARLOS AITA, patologist­a clínico e diretor da SBPC/ML

Os resultados apresentad­os pelo ‘Dr. Google’ são, em sua maioria, muito generalist­as”

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