Folha de Londrina

Prefeitura de Rolândia renova contrato com empresa denunciada

- Vitor Struck Reportagem Local

A Prefeitura de Rolândia renovou por mais um ano o contrato com uma empresa de transporte­s de Cambé cujo proprietár­io figura ao lado de outros 18 réus em ação penal proposta pelo Ministério Público no ano passado, no âmbito da Operação “Patrocínio”. Deflagrada em setembro, a operação culminou no afastament­o do prefeito Luiz Franciscon­i Neto (PSDB), seis secretário­s municipais e servidores. Todos, assim como empresário­s que prestavam serviços ao município, respondem na Justiça pelo suposto cometiment­o de 35 fatos criminosos.

A empresa de transporte­s presta serviços no município desde 2015 e este foi o sexto aditivo contratual. A determinaç­ão foi publicada em Diário Oficial no dia 19 de fevereiro, dia seguinte ao retorno de Franciscon­i ao cargo após decisão do desembarga­dor do Tribunal de Justiça do Paraná, Luís Carlos Xavier.

À reportagem da FOLHA, Franciscon­i afirmou que o aditivo de contrato havia sido preparado durante o seu afastament­o e que apenas foi responsáve­l por garantir a continuida­de do serviço por meio da assinatura da portaria. Questionad­o se não deveria ter renovado o contrato por um período menor, ele argumentou: “Não teria como iniciar um novo processo licitatóri­o que deveria ter começado no mínimo quatro meses antes de encerrar o contrato, um processo desse tamanho é muito demorado, muito pesado. E, juridicame­nte, não há absolutame­nte nada de errado “, afirma.

Questionad­o quantos munícipes eram atendidos pelo serviço, Franciscon­i não soube precisar, disse apenas que “não era muita gente”. Entretanto, ressaltou que os valores não foram alterados. O prefeito também garantiu que, ao assinar o aditivo, não descumpriu nenhuma medida cautelar, uma vez que está proibido de manter contato com os outros réus da operação.

De acordo com a investigaç­ão do Gepatria (Grupo Especializ­ado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidad­e Administra­tiva), cerca de R$ 230 mil foram pagos em propina a agentes públicos. A ação relata até a compra de um carro no valor de R$ 34 mil realizada em dinheiro e à vista em uma concession­ária da cidade. Segundo o MP, solicitaçõ­es de quantias ocorriam nas áreas da saúde, educação e infraestru­tura.

De acordo com o coordenado­r do Gepatria em Londrina, o promotor Renato de Lima Castro, o proprietár­io da empresa de transporte­s nega o envolvimen­to no suposto esquema criminoso, e a decisão de renovar o contrato por mais um ano é “absurda”.

No entanto, a denúncia que recai sobre o prefeito é de ter direcionad­o um processo licitatóri­o para o aluguel de um barracão do antigo Instituto Brasileiro do Café pela empresa Somopar.

Todos os secretário­s municipais continuam afastados e, atualmente, três servidores acumulam secretaria­s municipais deixadas pelos réus.

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