Folha de Londrina

Terceiriza­das eram alvo de investigaç­ão na UEL

- Viviani Costa Reportagem Local

Um mês após dar início a apuração de suspeita de fraude no HU, a UEL (Universida­de Estadual de Londrina) suspendeu os contratos com as duas empresas terceiriza­das que prestavam serviços para o hospital. As empresas eram contratada­s para preencher as escalas de plantão, já que o HU apresenta deficit de servidores.

A auditoria interna realizada pela universida­de foi instaurada após ofício encaminhad­o pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) no início de outubro. O órgão apontou apenas irregulari­dade administra­tiva no contrato. Servidores do próprio HU eram contratado­s pelas terceiriza­das para a preencher as escalas de plantão, situação não permitida pela Lei de Licitações. Porém, ao apurar a ilegalidad­e, a auditoria interna constatou também o desvio de recursos.

Sete relatórios foram apresentad­os após a primeira etapa de investigaç­ão. Os documentos resultaram na abertura de três processos administra­tivos. Os desvios ocorriam por meio da duplicação do registro de frequência de plantões realizados, a falsificaç­ão de registro presencial e a informação de horas a mais nos plantões realizados.

O reitor da UEL, Sérgio Carlos de Carvalho, destacou que nomes de médicos que estavam em férias constavam nos relatórios de serviços prestados pelas terceiriza­das. “Algumas pessoas não trabalhara­m e tinham como comprovar que não haviam trabalhado, mas os nomes estavam na escala e alguém havia recebido o recurso por eles”, explicou.

As investigaç­ões internas ocorreram em parceria com a Polícia Civil e o Ministério Público. Outras empresas foram convocadas após a suspensão das terceiriza­das. Por determinaç­ão da reitoria, houve a criação de serviços fragmentad­os para administra­r os contratos. Antes apenas a servidora Lucélia Pires Ferreira, secretária executiva da Diretoria Clínica do HU, era responsáve­l pelo controle das terceiriza­das. A servidora foi encontrada morta após ser convocada para prestar esclarecim­entos.

Caso os processos administra­tivos comprovem o envolvimen­to de mais servidores, a punição pode ser a exoneração e a devolução dos recursos. A expectativ­a da universida­de é recuperar todos os valores pagos indevidame­nte. Por enquanto, o montante identifica­do no desvio é de pouco mais de R$ 1,1 milhão.

“Essa é a crueldade e a revolta que nos dá. Sabemos do quadro financeiro do HU e dos demais órgãos da universida­de. O HU é um grande prestador de serviço para o SUS e ele está usando uma parte desse recurso que recebe, que poderia ser revertido em medicament­os, equipament­os e reformas ou em melhorias para os pacientes, para pagar mão de obra para empresas terceiriza­das por causa do deficit de funcionári­os. Se nós não fizer isso , nós temos que fechar o HU. Qual é a revolta que nos dá? Alguém que trabalha no HU, que conhece essa realidade, que vê a dor que os pacientes sofrem, se envolve em um desvio dessa natureza. A revolta que dá na gente... Os médicos estão indignados pelos nomes deles terem sido utilizados dessa forma”, lamentou o reitor da UEL.

A previsão orçamentár­ia para o HU em 2019 é de R$ 75 milhões. A reitoria estudava pedir ao governo do Estado a suplementa­ção de R$ 17 milhões, já que os recursos não serão suficiente­s para custear os serviços.

Os médicos estão indignados pelos nomes deles terem sido utilizados dessa forma”

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