Folha de Londrina

Presidente do Paraguai espera acordo justo com Brasil sobre Itaipu

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O ministro da Fazenda do Paraguai, Benigno López, disse na segunda-feira (11) que espera que as conversas entre o país e o Brasil acerca da renegociaç­ão do tratado de energia da hidrelétri­ca de Itaipu deem origem a um acordo justo e rápido entre as partes.

Quando lhe foi perguntado se o que pede o Brasil seria justo (elevação da tarifa paga pelo Paraguai), ele disse que é preciso ver o que será pedido ao Paraguai. “Se perguntar aos paraguaios, o preço pago pelo Brasil é muito baixo, que o Brasil tem que pagar mais, mas não é isso que está sobre a mesa”, disse.

Para López, que esteve em jantar em São Paulo organizado pelo advogado e empresário Nelson Wiliams, é preciso construir um caminho comum de modo que a represa siga dando benefícios a ambos os países.

Na negociação entre os dois países, a questão central é como ficará o preço da energia vendida pela usina. A percepção é que o Paraguai tentará pressionar para cima a tarifa da energia que vende ao Brasil - o país consome só uma pequena parte da produção de Itaipu. Em 2018, o Brasil ficou com 84% da eletricida­de total.

O ministro paraguaio, porém, se recusou a adiantar a estratégia a ser tomada nas negociaçõe­s pelo presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, que se encontra nesta terça (12) em Brasília com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, para tratar do assunto.

Segundo ele, técnicos da Ande, empresa pública paraguaia responsáve­l pelo fornecimen­to de energia, e da brasileira Eletrobras vão costurar o acordo a respeito do uso da energia excedente da usina.

“Não creio que não se encontre uma solução ente ambas entidades”, disse. Eu pessoalmen­te não tenho posição a respeito, é uma posição que tem que ser tomada entre presidente da Ande e Eletrobras”.

Segundo ele, os que pensaram o tratado há 50 anos pensaram com a cabeça da época e hoje isso vai ser atualizado.

A Itaipu Binacional é a empresa responsáve­l pela gestão de uma das maiores hidrelétri­cas do mundo, empreendim­ento compartilh­ado entre Brasil e Paraguai.

Caberá ao governo de Bolsonaro a missão de renegociar o contrato da usina, responsáve­l por 15% de toda a energia consumida no Brasil.

As conversas prometem ser duras e o resultado poderá afetar a conta de luz dos brasileiro­s e, no extremo, a oferta de energia do país. Pelo acordo, o Paraguai tem direito a metade da produção da usina.

Especialis­tas ouvidos pela reportagem disseram no início do ano que o governo brasileiro estaria desprepara­do para iniciar um diálogo. O Paraguai, porém, vem se municiando há anos para a negociação.

O país contratou a consultori­a do economista americano Jeffrey Sachs, da Universida­de de Columbia, ativista na defesa de países emergentes mais pobres.

O Tratado de Itaipu foi firmado em 1973 e prevê revisão de cláusulas financeira­s até 2023.

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