Brasil tem 52 milhões de empreendedores
Estimativa é do GEM (Global Entrepreneurship Monitor), segundo o qual, 38% da população economicamente ativa do País tem algum tipo de negócio
Em 2018, dois em cada cinco brasileiros entre 18 e 64 anos estavam à frente de uma atividade empresarial ou tinham planos de ter um negócio. O dado vem da pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor) e foi divulgado nesta semana pelo Sebrae. Eles representam 38% da população economicamente ativa cerca de 52 milhões de pessoas. E o índice é o melhor desde 2002, quando GEM começou a ser calculado.
Nesse contexto, uma das informações mais importantes reveladas pela pesquisa é que o empreendedorismo por oportunidade, verificado quando os empresários abrem negócio motivados pela identificação de uma oportunidade de mercado, registrou o melhor resultado dos últimos quatro anos: 61,8% ou 32,1 milhões de brasileiros. Ou seja, menos de 20 milhões empreenderam por necessidade. Segundo o Sebrae, trata-se de um dado muito positivo para a economia brasileira porque o empreendedor por oportunidade é aquela que normalmente planeja o negócio e tem maior probabilidade de sobreviver no mercado.
A oportunidade para um negócio muitas vezes surge de conversa com amigos e conhecidos. “A pessoa percebe que muita gente está reclamando de um mesmo problema. E vê uma oportunidade para gerar a solução montando um negócio”, afirma a consultora do Sebrae/ PR, Márcia Giuibertoni. Já o empreendedorismo por necessidade, conforme explica a consultora, é aquele em que a pessoa não tinha outra coisa para fazer. “Nem sempre está preparada para abrir o negócio.”
Administrador e consultor, Rodrigo Martins, 39 anos, estreou sua marca de bonés, a Kamau Caps, em outubro do ano passado. A oportunidade surgiu na própria atividade de consultoria que ele realiza nas empresas de vestuário, entre elas a indústria de bonés de Apucarana. Tendo voltado de um período de estudos na África do Sul, ele decidiu produzir bonés inspirados naquele país. “Tem muitas fábricas de bonés, mas o meu produto é diferente. Além dos motivos africanos, eu trabalho com alfaiataria”, conta. Ele utiliza tecidos como veludo, camurça e linho na produção.
A venda é pela internet e em locais descolados como estúdios de tatuagem e barbearias. “Ainda tenho de colocar dinheiro no negócio todo mês, mas não posso reclamar dos resultados”, comemora. JOVENS
A pesquisa também revelou um crescimento do público jovem (18 a 24 anos) entre os novos empreendedores. De 2017 para 2018, a participação dessa faixa etária subiu de 18,9% para 22,2% do total de empreendedores que iniciavam uma atividade empresarial, com negócios (formais ou informais) de até 3,5 anos.
De acordo com Márcia Giuibertoni, os jovens que procuram o Sebrae normalmente não pensam em ter emprego. “Essa é uma característica marcante. Eles querem fazer aquilo que acreditam e gostam. Não separam trabalho de diversão. Não estão preocupados se vão precisar trabalhar muito”. Outra característica do jovem empreendedor, segundo a consultora é não ter medo de errar. “É o contrário dos mais maduros que têm medo de perder dinheiro.”
A taxa de empreendedorismo inicial (da sigla em inglês TEA) começa a decair a partir dos 45 anos, chegando a 9,7% na faixa dos 55 a 64 anos. Entretanto, mesmo com uma taxa menor, a pesquisa GEM revela que o contingente de pessoas com mais de 55 anos iniciando um negócio é de quase 2 milhões de empreendedores.
Aos 50 anos, Marco Pacheco abriu o o State Offices Coworking há 30 dias em Londrina. A empresa na qual ele trabalhava como executivo de controladoria fechou no ano passado. “Eu já tinha esse projeto de montar o coworking. E com a mudança do governo e as boas perspectivas que sugiram para o Brasil, eu resolvi desarquivar o projeto”, conta. De acordo com ele, o compartilhamento de espaço de trabalho é uma “realidade sem volta”. Em um mês, ele conta que a ocupação do espaço - projetado para 130 pessoas - já chegou a 40%.
MAIS ESTÁVEIS
Em relação às taxas de empreendedores iniciais e estabelecidos, a pesquisa GEM indicou que a TEE (estabelecidos) com 20,2%, superou a TEA (iniciais) em pouco mais de 2 pontos percentuais. Com isto, é possível avaliar que 2018 foi um ano em que, majoritariamente, os empreendedores atuaram de forma a consolidar os negócios criados em períodos anteriores, ou seja, um certo contingente de empreendedores iniciais tornou-se estabelecido.