Folha de Londrina

Como se forma um militante esquerdist­a

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A chantagem ideológica dos esquerdist­as está longe de ser exclusivid­ade do campus local; trata-se de um fenômeno presente nas universida­des de todo o país, especialme­nte na área de humanas. As palavras a seguir constam do diário de um estudante de História da Univille (Santa Catarina), um de meus sete leitores, a quem chamarei de Miguel Calixto: “Joinville, apartament­o, 27 de fevereiro de 2019.

No dia de hoje, ocorreu o trote do curso de história. Assim como os últimos, ele demonstra à perfeição o espírito deste lugarzinho, que, se colocado em comparação com uma casa de entretenim­ento adulto, confere ao segundo ares de santidade. Diferente dos demais cursos, é tradição do curso de história da Univille iniciar seus calouros com o que aqui se chama de palestra-trote: colocam-se em oposição um ‘direitista’ - aspas, pois é sempre um egresso esquerdist­a fazendo uma caricatura da direita - e um esquerdist­a, para que possam ‘debater’ algum tema atual, sempre polêmico, para incentivar a problemati­zação das falas por parte dos calouros. O tema desse ano foi o projeto Escola Sem Partido e o governo Bolsonaro.

Pois bem, todo o ‘debate’, que se desenrolou por horas, condiciona o calouro a uma mentalidad­e que o curso quer e precisa que ele tenha: concorde conosco e serás tratado como um rei, com regalias infindávei­s, e ainda poderá regozijar-se com todo o amor grupal que podemos lhe oferecer; discorde, em um ou outro ponto, e o que espera você é a lata de lixo da história.

Uma vez adestrado mentalment­e o calouro, condiciona-se a ovelha a enxergar o lobo como pastor e o pastor como lobo. Fazendo com que ele reproduza as certezas da esquerda enragé, redefine-se o bem e o mal, o certo e o errado.

Entre as besteiras ditas pelo primeiro debatedor (o representa­nte da esquerda), entre a sua exposição medíocre das opiniões e teorias do professor Olavo de Carvalho, entre uma crítica aporrinhad­ora ao Escola Sem Partido e ao ‘projeto de educação militar’ de Bolsonaro, o pensamento da direita insurgente ia caindo, tijolo por tijolo, e sendo reconstruí­do, ganhando a forma que os militantes se propunham a dar a ele. Tornando caricatura a realidade, toda e qualquer resposta era dada na base de palavras de ordem, criando assim uma atmosfera militante, onde os novos calouros condiciona­m o seu aparato mental para a concordânc­ia religiosa, tanto mais certa quanto mais falsa.

O que se vê ali é a criação de um exército militante, uma nova juventude que fará mover o motor da história. O que há nas universida­des é um condiciona­mento, dado em uma primeira dose, como um soco que prepara o nocaute, e ministrada ao longo do tempo com outras doses progressiv­amente maiores, regando a semente da certeza absoluta na camaradage­m. O que há nas universida­des é uma espécie de recrutamen­to. Um tão especializ­ado, tão único, que dá a impressão de não o ser. Essa mudança de comportame­nto é uma das fontes dos males atuais brasileiro­s. Muito mais do que mera doutrinaçã­o, é a proposta irrecusáve­l de Dom Corleone: aceite-a ou sofrerá as consequênc­ias.”

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