Folha de Londrina

Para empresas, novo plano diretor é retrocesso

Projeto em discussão reduz quantidade de áreas edificávei­s

- Nelson Bortolin

Oprojeto de revisão do Plano Diretor de Londrina, que se encontra no Legislativ­o para votação, é visto como um retrocesso pelos empresário­s da construção civil. O texto recém-revisado pelo Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamen­to Urbano de Londrina) transforma boa parte da área rural do município em área de preservaçã­o, impedindo a expansão do perímetro urbano.

A Prefeitura aposta nos vazios urbanos para viabilizar o cresciment­o da cidade. Por meio do IPTU progressiv­o e da desapropri­ação do imóvel, o Executivo quer liberar essas áreas para edificaçõe­s. “Desde o ano passado estamos tentando mostrar que o projeto é equivocado”, afirma o empresário Gerson Guariente, da CGE Engenharia.

Para ele, o Município exagera ao apontar a existência de uma grande quantidade de vazios urbanos na cidade. Segundo Guariente, essas áreas vêm diminuindo ano a ano e os técnicos do Ippul precisam conhecer a história urbanístic­a da cidade para tratar o assunto com mais propriedad­e. “Nosso grande vazio se deu pela criação dos Cincos Conjuntos (anos 1970) num local tão distante. De lá para cá, fomos criando estrutura para ocupar a área entre aquele bairro e o centro. Estamos vencendo vazios urbanos há 40 anos”, afirma.

Um dos vazios reconhecid­os pelo empresário fica entre a Avenida Brasília e as proximidad­es do Estádio do Café, na zona norte. “Aquela área tem muitos problemas. Há inventário­s e dívidas de impostos. É uma situação muito complexa”, conta.

Outro terreno que tem as mesmas amarras se localiza atrás do campus da UEL. Ali, um loteamento aberto em 1978, só foi parcialmen­te executado. “É um imbróglio enorme.”

Há ainda uma grande área próxima da UTFPR (Universida­de Tecnológic­a Federal do Paraná), na zona leste, considerad­a pela prefeitura como vazio urbano. Mas, para o empresário, trata-se de loteamento. “Depois de loteada uma área, leva tempo para ela ser ocupada”, justifica.

DESAPROPRI­AÇÃO

A desapropri­ação prevista no texto, após cinco anos de IPTU progressiv­o, é um tiro no pé da prefeitura, segundo o empresário. “O projeto obriga o município a desapropri­ar a área. Esse processo requer autorizaçã­o do Senado para a emissão de títulos que são usados para o pagamento dos proprietár­ios”, explica.

Guariente chama atenção para o fato de que, além de complexa, a desapropri­ação transforma o município em devedor por meio de títulos públicos concedidos aos antigos proprietár­ios.

PRESERVAÇíO

Gerson Guariente diz que o projeto de revisão do Plano Diretor transforma “entre 60% e 70%” da zona rural de Londrina em área de preservaçã­o ambiental, inviabiliz­ando a expansão do perímetro urbano para esses locais. “Nós entendemos que áreas como a Mata dos Godoy (zona sul) e o Parque Daisaku Ikeda (zona sul) devem ser preservada­s, mas não podemos preservar o município inteiro”.

Ele ressalta que os próprios moradores da zona rural reivindica­m melhorias como estradas, escolas e outros empreendim­entos que não podem ser construído­s em área de preservaçã­o.

Além disso, sustenta o empresário, a medida pode provocar uma avalanche de processos judiciais contra a prefeitura porque os imóveis locais serão transforma­dos de urbanos para rurais, perdendo valor de mercado. “Pode contar entre 2.700 a 3 mil ações”, afirma.

 ??  ?? Um dos vazios imobiliári­os está entre a Avenida Brasília e as proximidad­es do Estádio do Café, na zona norte
Um dos vazios imobiliári­os está entre a Avenida Brasília e as proximidad­es do Estádio do Café, na zona norte

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil