Folha de Londrina

Vazios urbanos são suficiente­s para 10 anos de edificaçõe­s, diz Ippul

Secretário rebate empresário­s: revisão do plano diretor segue legislação federal e não é invenção de Londrina

- Nelson Bortolin

Londrina tem vazios urbanos suficiente­s para atender a demanda por edificaçõe­s nos próximos dez anos. É o que garante o presidente do Ippul, Roberto Lima Júnior. Segundo ele, a Prefeitura chegou a essa conclusão por meio de estudos que cruzam informaçõe­s do cadastro dos imóveis da Secretaria da Fazenda com os loteamento­s aprovados pela Secretaria de Obras.

Ele também rebate a crítica dos empresário­s de que a desapropri­ação de imóveis após cinco anos de IPTU progressiv­o seja um “tiro no pé”. “A desapropri­ação é determinad­a por legislação federal, portanto não é uma invenção da cidade de Londrina. O Estatuto das Cidades prevê um rito para os imóveis que estão vazios”, explica.

O primeiro passo, diz o secretário, é o parcelamen­to, edificação ou utilização compulsóri­os, quando a prefeitura notifica o proprietár­io, para que ele dê destinação ao imóvel por meio de loteamento ou construção. “Não atendendo a notificaçã­o no prazo de até cinco anos, a contar da aprovação do projeto, se aplica o IPTU progressiv­o, escalonand­o a alíquota”, conta.

O último instrument­o é a desapropri­ação-sanção, com pagamento de títulos da dívida pública. “Apesar de nunca ter sido regulament­ada pelo Senado, essa é a regra jurídica que o governo federal passou para os municípios. Não podemos prever nada diferente disso no Plano Diretor”, alega.

Lima Júnior nega que a revisão do plano vai inviabiliz­ar a expansão da cidade. “O Plano Diretor aprovado em 2015, e que vale hoje, não permite que na área rural de Londrina haja nenhum tipo de atividade econômica. Estamos propondo a permissão de atividades na área rural, que dividimos por vocações econômicas”, afirma. Ao norte, na região da Warta, a destinação será para o agronegóci­o. Nas áreas de interligaç­ão com os distritos, segundo o secretário, serão previstas indústrias e novos comércios e serviços para que a população não dependa mais da cidade.

Na zona sul, a situação é mais complicada. Há uma “macrozona de controle ambiental que se sobrepõe à zona de amortecime­nto da Mata dos Godoy”. “Por lei nacional, as unidades de conservaçã­o são obrigadas a ter uma zona de amortecime­nto, definida em seu plano de manejo. Muito embora a lei federal traga tal previsão, atualmente tal porção do território rural é tratada como uma área destinada exclusivam­ente à preservaçã­o ambiental”, ressalta.

O plano de manejo, de acordo com Lima Júnior, será revisto e vai definir usos comerciais compatívei­s com zona de amortecime­nto da mata. Como exemplo, ele cita a implantaçã­o de hotéis, resorts, restaurant­es rurais e outras atividades de baixo impacto. “O Plano Diretor que estamos propondo privilegia a economia do território rural e quer mais cresciment­o econômico sustentáve­l.”

O presidente do Ippul concorda com o Sinduscon quanto à inseguranç­a causada nos servidores municipais pela Operação ZR3. “Houve de fato um período em que ficaram receosos sobre o andamento dos processos do Ministério Público”, admite. Mas com a troca da Diretoria de Loteamento e mudanças em procedimen­tos visando transparên­cia, eles já estariam mais seguros para liberar projetos construtiv­os. “O prefeito vem cobrando que haja um novo ritmo no fluxo de processos e isso está acontecend­o, com o acompanham­ento do Ippul, Procurador­ia Geral, secretaria­s de Obras e de Governo”, alega.

Em relação ao programa Agiliza Londrina, o secretário diz que já há “ótimos resultados”. “O prazo dos alvarás caiu de 82 dias para 33 dias. Havia um estoque de 26 mil alvarás e processos de obras em espera quando a atual administra­ção assumiu. Hoje, se somarmos os novos pedidos e o estoque residual, teremos algo em torno de 20% do que havia. A meta é zerar a fila com a tipificaçã­o correta dos processos e a informatiz­ação integral entre Obras, Fazenda, Ippul e Vigilância (Sanitária).”

O secretário lembra que a Prefeitura conseguiu aprovar na Câmara a lei que institui o Processo Simplifica­do de Aprovação de Projetos com até 500 metros quadrados de construção. “As construçõe­s de pequeno e médio porte representa­m cerca de 90% dos projetos analisados pelos técnicos. Estamos a um passo de uma cidade ágil neste setor”, garante.

Sobre a queixa do Ceal de que não há garantia de representa­ção de engenheiro­s e arquitetos no Conselho da Cidade, Lima Júnior diz que o município segue recomendaç­ão do Ministério Público segundo a qual não pode haver cadeiras cativas nos conselhos municipais. O MP diz que qualquer entidade pode participar dos colegiados e, para isso, precisa participar do processo eleitoral.

Ele também destaca que, por orientação da Procurador­ia Geral do Município, o conselho será consultivo e não deliberati­vo.

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Sérgio Ranalli Informaçõe­s do cadastro dos imóveis da Secretaria da Fazenda com os loteamento­s aprovados pela Secretaria de Obras confirmari­am a existência de áreas
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