Folha de Londrina

A PEC de Guedes surge num momento em que a expectativ­a seria a de manter o “toma lá, dá cá”.

O montante - R$ 2,5 bilhões correspond­e a 80% das penalidade­s definidas no acordo celebrado pela estatal com autoridade­s dos Estados Unidos

- Agência Estado

São Paulo - A força-tarefa da Operação Lava Jato pediu à Justiça a suspensão da constituiç­ão da fundação que iria gerir recursos oriundos de multa de R$ 2,5 bilhões paga pela Petrobras em ação nos Estados Unidos. O fato de constar no acordo que parte dos valores seria destinada à entidade a ser constituíd­a gerou reações negativas.

Os R$ 2,5 bilhões correspond­em a 80% das penalidade­s definidas no acordo celebrado pela Petrobras com autoridade­s dos Estados Unidos, divulgado em setembro de 2018. Pelo acordo, esse montante será pago no Brasil, para ser revertido à própria estatal. A pedido da Procurador­ia, a Justiça homologou o termo, que prevê que metade da cifra seja destinada a “um fundo patrimonia­l (endowment), cuja gestão será feita por uma fundação independen­te, ainda em fase de criação”.

A Procurador­ia afirmou, nesta terça-feira (12) que “diante do debate social existente sobre o destino dos recursos, a força-tarefa está em diálogo com outros órgãos na busca de soluções ou alterna- tivas que eventualme­nte se mostrem mais favoráveis para assegurar que os valores sejam usufruídos pela sociedade brasileira”.

“Assim, a força-tarefa da Lava Jato no MPF/PR informa que vem mantendo tratativas com a Advocacia-Geral da União e a Petrobras e optou por propor, ao juízo que homologou o acordo, a suspensão dos procedimen­tos para constituiç­ão da fundação que daria uma destinação de interesse público para os recursos depositado­s em conta judicial”, afirmam os procurador­es.

A Procurador­ia da República no Paraná ainda afirmou que também serão consultado­s a Controlado­ria-Geral da União e o Tribunal de Contas da União. “Durante esse período, os valores que seriam pagos aos Estados Unidos pela Petrobras estão depositado­s em conta judicial vinculada à 13ª Vara Federal de Curitiba, com rendimento pela SELIC”.

A força-tarefa ressalta que a “Petrobras se obrigou perante autoridade­s norteameri­canas a pagar multa substancia­l em razão de ofensa à lei daquele país, aplicável por conta da existência de grande esquema de corrupção na estatal enquanto negociava suas ações na bolsa de Nova Iorque”. “A punição é resultado da atuação criminosa de políticos, partidos, empresário­s e lavadores de dinheiro em desfavor da companhia”.

“Em média, apenas 3% dos recursos nesse tipo de acordo retornem para o país de origem. Nesse caso, graças aos esforços da força-tarefa da Lava Jato, as autoridade­s norte-americanas concordara­m que até 80% da multa fossem pagos no Brasil, em razão de acordo feito com autoridade­s brasileira­s e desde que os valores não fossem revertidos em favor da própria estatal”, afirmam os procurador­es.

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Marcelo Chello /Estadão Conteúdo Força-tarefa da Lava Jato no MPF/PR: decisão foi tomada “diante do debate social existente sobre o destino dos recursos”

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