ABL elege Ignácio de Loyola Brandão
São Paulo - O escritor Ig- nácio de Loyola Brandão é o novo imortal da ABL ( Academia Brasileira de Letras). Ele foi eleito na tarde desta quinta- feira ( 14), por unanimidade, para a cadeira 11, que era ocupada pelo jurista Helio Jaguaribe. Ha- via outros 11 candidatos, mas nenhum com o mesmo peso do autor.
Nascidoem Araraquara em 1936, Ignácio de Loyola Brandão fez carreira no jornalismo e passou pelas redações da “Última Hora” e de diversas revistas. Em 1993, ele assinou sua primeira crônica no jornal “OEstado de S. Paulo”, no caderno Cidades, e, em 2000, suas crônicas passaram a ser publicadas no Caderno 2 - espaço que ele ocupa até hoje, quinzenalmente, às sextas.
Sua estreia literária foi em 1965, com o livro de contos “Depois do Sol”. O reconhecimento maior veio com os romances“Zero” (1975), censurado na ditadura militar e publicado primeiro na Itália - e que vendeu cerca de 900 mil exemplares, e “Não Verás País Nenhum” ( 1981), seu best-seller, com 1 milhão de cópias comercializadas. No ano passado, depois de uma década sem publicar ficção, o escritor voltou ao romance e lançou “Desta Terra Nada Vai Sobrar a Não Ser o Vento Que Sopra Sobre Ela” - uma obra que nasce de sua observação do momento “confuso” atual do Brasil. Chamado por Ignácio de Loyola Brandão de “romance político-burocrático”, o livro, apocalíptico, é ambientado num futuro incerto e retrata um Brasil caótico, com 1.080 partidos políticos.
A candidatura de Loyola Brandão ganhou força quando a ABL reconheceu sua trajetória literária com o Prêmio Machado de Assis, em 2016. Muito se especulou à época se era chegada a hora de ele se candidatar a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, mas só agora ele decidiu participar.
Em entrevista concedida ao jornal “O Estado de S. Paulo” em 2016, às vésperas de seu aniversário de 80 anos, Ignácio de Loyola Brandão disse que, 50 anos depois de se tornar escritor, a literatura era sua “grande fuga”. “Faço literatura por uma grande catarse, é a minha terapia. Essas coisas estão dentro de mim e ficam saindo. E faço literatura porque não sei fazer outra coisa. Se eu não fizer, vou ficar muito mal”, comentou.