May é autorizada a buscar adiamento
Primeira-ministra pretende pedir à União Europeia que data de saída do Reino Unido do bloco seja postergada
São Paulo - O Parlamento britânico aprovou, nesta quinta-feira (14), a proposta do governo Theresa May de pedir à União Europeia um adiamento da data de saída do Reino Unido, prevista por ora para 29 de março. Por 412 votos a 202 (maioria de 210), o Legislativo consentiu com o plano da primeira- ministra de solicitar à UE que o Dia D do Brexit seja postergado para 30 de junho. Isso depende, no entanto, de os parlamentares endossarem alguma versão do acordo de separação até a próxima quarta ( 20), véspera de uma cúpula em que líderes europeus deverão deliberar sobre o pedido de Londres. A decisão da UE precisa ser unânime - afora o Reino Unido, 27 países integram o consórcio.
Nos últimos dias, vários chefes de Estado e de governo do continente sinalizaram queMay precisaria apresentar uma justificativa razoável para embasar a solicitação de prolongamento da filiação britânica ao bloco e que o sinal verde da Europa ao adiamento, portanto, não seria mera formalidade. A moção adotada pelo Parlamento na quinta também prevê que, caso um pacto de saída não tenha sido ratificado até o dia 20, May peça uma prorrogação mais robusta à UE, o que fatalmente forçaria o Reino Unido a organizar sua seção das eleições para o Parlamento Europeu, programadas para o fim de maio - a nova legislatura assume em julho.
Mais cedo, os parlamentares rejeitaram uma proposta ( não submetida pelo governo) de realizar uma nova consulta popular sobre o Brexit, possivelmente submetendo ao crivo dos eleitores o acordo fechado por May com a UE em novembro passado.
Entusiasta da ideia, uma ala do Partido Trabalhista, principal força de oposição, avaliou que o momento não era propício para discutir um plebiscito, o que esvaziou o plano.
Além disso, em duas vitórias de May ( coisa cada vez mais rara no plenário, apesar de seu partido ser o que detém mais cadeiras ali), a Casa rejeitou manobras que abririam caminho para uma sequência de votos indica- tivos sobre os rumos do Brexit, uma vez que o acordo que a primeira- ministra tem em mãos ainda é rechaçado pela maioria.
Se as propostas tivessem avançado, o governo perde- ria a prerrogativa de fixar a pauta do Parlamento, que na prática tomaria as rédeas da discussão e da condução do adeus à Europa.
O principal negociador do Brexit pelo lado da UE, Michel Barnier, afirmou que está esperando “pacientemente” pelas votações no Parlamento. “O que precisamos para seguir adiante não é um voto negativo contra uma saída sem acordo. Precisamos de um voto positivo e construtivo”, afirmou, em discurso na Romênia. “Se o Reino Unido quiser deixar a UE e quer fazê- lo de modo ordenado, como disse a primeira- ministra, então este acordo é o único disponível”, afirmou, mostrando uma cópia do texto acordado entre TheresaMay e a UE.
O que precisamos para seguir adiante é umvoto positivo e construtivo”