Pesquisa de mobilidade teve início em fevereiro
Ausência e recusa das pessoas por questões de segurança estão entre os empecilhos; dados coletados serão usados no Plano de Mobilidade de Londrina
Desde o dia 12 de fevereiro pesquisadores estão nos bairros de Londrina entrevistando pessoas, cujos dados vão ser utilizados na elaboração do Plano de Mobilidade. No entanto, a vida dos pesquisadores não é fácil, já que nem sempre os moradores estão em casa e, o pior, muitas vezes o imóvel está à venda ou para alugar. Outro fato que inviabiliza a participação na pesquisa é quando o imóvel é comercial. Além disso, os deslocamentos entre um imóvel selecionado e outro podem ser extensos. Há também casos de recusa por parte dos moradores, seja por motivos de segurança ou por estarem com pressa.
A reportagem acompanhou a pesquisadora Ariella Besing Motter, contratada pela Logit Engenharia Consultiva, durante a visita aos imóveis na zona leste.
Naquela tarde, sob sol intenso, ela já tinha se dirigido a um imóvel na avenida Dez de Dezembro, mas constatou que a casa, que constava como residencial pelo censo 2010, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), agora havia se tornado comercial. Ela explicou que quando isso ocorre é sorteado um imóvel reserva. De lá, caminhou 850 metros até a rua Nossa Senhora de Lourdes (jardim Amaral). Chamou os moradores batendo palmas várias vezes, mas ninguém atendeu. Só depois foi informada por vizinhos que o morador não se encontrava em casa.
De lá partiu para a rua Nossa Senhora do Rocio ( Vila Santa Terezinha), a 700 metros dali, onde enfim encontrou pessoas na casa que podiam atendê-la. No entanto, apenas dois dos três moradores estavam na casa. Por isso, terá que voltar para encontrar o terceiro morador. “Já cheguei a retornar seis vezes para concluir uma entrevista com todos da família. Às vezes cada um tem um horário específico para ser encontrado em casa”, declarou.
Motter é formada em direito e concilia as pesquisas com as aulas como aluna especial de mestrado na área de direito urbanístico e ambiental. Ela trabalha 30 horas semanais realizando as pesquisas. Questionada sobre quantos quilômetros percorre em um dia, ela disse que é difícil dizer. “Depende de quantos domicílios foram alocados para mim naquele período e quantas pesquisas já foram finalizadas. Tem dias, em inicio de pesquisa, que ando mais”, destacou. Quando dois domicílios abertos ficam muito distantes, a caminhada também é extensa. Em média ela percorre dez imóveis por dia.
COMO FUNCIONA
A gerente de logística da Logit, Kátia Oliveira Custódio, explicou que foram sorteados para participar da pesquisa 1.133 domicílios de um total de cinco mil. “Esperamos terminar a pesquisa no fim de abril ou início de maio. A primeira leva foi realizada nas casas térreas dos bairros”, apontou. Segundo ela, são 34 pesquisadores ligados à UEL (Universidade Estadual de Londrina) e à Unifil. Tantos os pesquisadores como os supervisores são usam uniforme, colete e crachá. As casas sorteadas recebem correspondências emitidas pelo Ippul (Insti- tot e Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), informando sobre os procedimentos da pesquisa e também uma senha, que pode ser solicitada pelo morador ao pesquisador como medida de segurança. “Percebemos que muitos moradores nem pedem essa senha, geralmente em bairros de classe mais baixa. Em bairros de classe mais alta, elas têm sido utilizadas”, declarou.
Os dados coletados são enviados diariamente e há revisores para cada uma das pesquisas.
Custódio disse que na segunda fase a pesquisa será realizada nos condomínios fechados. Para tentar reduzir a resistência, a empresa pretende realizar reuniões com síndicos e moradores. “Também estamos fazendo a divulgação das pesquisas pela imprensa e colocaremos cartazes em linhas de ônibus”, expôs.
A consulta domiciliar permitirá a montagem de um banco de dados que informe precisamente quais as demandas da população quanto à mobilidade e acessibilidade, auxiliando na definição de obras para trazer melhorias e intervenções no sistema viário municipal.