Folha de Londrina

Com projetos e CPI, senadores reagem à decisão do STF sobre caixa 2

Parlamenta­res intensific­am “ativismo judicial” e já começam a apresentar medidas para alterar a decisão

- Daniel Carvalho

Brasília - A decisão do Supremo Tribunal Federal de que crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, quando investigad­os junto com caixa dois, devem ser processado­s na Justiça Eleitoral, e não na Federal, inflamou ainda mais a relação do STF com parte do Congresso.

Parlamenta­res que já vinham se manifestan­do contra o chamado “ativismo judicial” intensific­aram a mobilizaçã­o e já começaram a apresentar medidas para alterar a decisão e de enfrentame­nto aos magistrado­s do STF.

Os ânimos se acirraram não apenas com o resultado do julgamento, mas também com a decisão do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, de abrir inquérito para investigar a existência de fake news, ameaças e denunciaçõ­es caluniosas, difamantes e injuriante­s que atingem a honra e a segurança dos membros da corte e de seus familiares.

“O Supremo Tribunal Federal pode muito, mas não pode tudo. Nós temos que, de alguma forma, cutucar os ministros, tocar neles para que se sintam humanos, para que saibam que não podem tudo”, disse o senador Plínio Valério (PSDB-AM).

“Não podemos enterrar a Lava Jato. Não podemos favorecer o crime. É preciso que continue com a Justiça Federal julgando os crimes e a Justiça Eleitoral, especifica­mente os crimes eleitorais”, afirmou o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), para quem a decisão do STF favorece criminosos.

Ainda na noite de quintafeir­a (14), pouco depois do fim da sessão do Supremo, o senador Alessandro Vieira (PPS-SE) informou ter conseguido as 27 assinatura­s necessária­s para apresentar novamente o requerimen­to para que se instale uma CPI (comissão parlamenta­r de inquérito) para investigar “condutas improbas, desvios operaciona­is e violações éticas por parte de membros do Supremo Tribunal Federal e de Tribunais Superiores do país”.

Se autorizada, a CPI da Lava Toga, como vem sendo chamada, terá direito a 10 membros titulares, seis suplentes, um prazo de 120 dias de atuação e R$ 30 mil de recursos.

Apesar de já ter o número de assinatura­s suficiente­s para pedir ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que crie a comissão, ele quer angariar apoio de mais senadores para que a eventual desistênci­a de colegas não proporcion­e o arquivamen­to do pedido, como aconteceu no início do ano.

Nesta sexta-feira (15), Plínio Valério disse que vai começar a coletar assinatura­s para apresentar uma PEC (proposta de emenda à Constituiç­ão) que estabelece mandato fixo e temporário para ministros do STF.

Pela proposta de Plínio, os mandatos de ministros do Supremo serão de oito anos, sem possibilid­ade de recondução. O projeto apresentad­o por Major Olímpio tem foco específico na decisão do Tribunal: deixa claro que à Justiça Federal cabem os crimes comuns, enquanto a Justiça Eleitoral cuidará apenas de crimes eleitorais.

“Resta claro no texto constituci­onal que a Justiça Federal possui competênci­a material absoluta para julgar os crimes comuns, e não são admitidas exceções”, diz Olímpio na defesa de seu projeto. Para o senador, “crimes eleitorais e comuns, mesmo que conexos, não possuem unidade de julgamento”.

A reportagem não conseguiu contato com o presidente do Senado para saber que encaminham­ento pretende dar aos projetos.

Não podemos enterrar a Lava Jato. Não podemos favorecer o crime”

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