Folha de Londrina

CMTU registra mais de 180 mil infrações

- Lais Taine Reportagem Local

Basta uma hora de percurso para a equipe de reportagem da FOLHA registrar mais de 20 tipos de infrações de trânsito pela cidade. Em 2018, a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o) marcou 181.823 autuações em uma Londrina que vê a frota de veículos aumentar cada vez mais. Em janeiro de 2019, segundo o Detran/ PR, são 380.878 veículos, 5.796 a mais que o mesmo mês do ano anterior.

Se o número de automóveis cresce, a paciência dos condutores parece diminuir. No fim de tarde de um dia útil, a faixa exclusiva para ônibus da avenida LesteOeste e Rio Branco é passagem livre para os mais ousados. Em 10 minutos, 10 veículos utilizaram a via para ultrapassa­gem irregular. Furar sinal vermelho e bloquear o cruzamento parece fazer parte de um acordo que nem todos assinaram.

O senhor José Alves, 58, é um deles. Depois de viver 20 anos na cidade de Maringá (Norte), critica o trânsito londrinens­e. “Aqui ninguém respeita, se eu atravessar a rua aqui os motoristas nem reduzem, tanto moto, quanto carro: ‘se matar, matou’. Quando eu estou dirigindo, não ando mais que 60 km/h no centro de uma cidade onde tem tanta gente circulando assim. Aqui é mais violento do que as outras cidades em que eu passei”, analisa.

O cuidador de carros cita justamente o excesso de velocidade, a principal causa de autuações na cidade (52,1%). Em seguida estão avanço de sinal vermelho (9,7%), não usar cinto de segurança (5,2%) e dirigir veículo falando/manuseando o celular (3,51%).

Todas essas foram vistas durante o percurso da reportagem. Estacionam­ento em local proibido, na contramão, na calçada e fazer conversão proibida também foram encontrada­s com repetição, além daquela que mais causa reclamaçõe­s: não sinalizar. “Falta dar seta! Aqui tem muito acidente para o tamanho da cidade. No trânsito está todo mundo estressado, acho que entrar no veículo é um potenciali­zador”, comenta Júnior Alves, 30, funcionári­o público e motociclis­ta.

Em uma tarde de trânsito, no cruzamento da avenida Juscelino Kubitschek com a rua Goiás, esse estresse é percebido pelas buzinas que são ouvidas ao longe. Isso porque os condutores param na via de forma irregular no meio do quarteirão e os que vêm atrás bloqueiam a pista, duas infrações que deixam o tráfego lento e os condutores mais nervosos.

Mas se há quem aponte os erros do outro, há também quem confesse as próprias dívidas. “Já cometi várias infrações, ainda cometo às vezes, eu ultrapasso sinal vermelho. Eu sei do risco, mas eu tomo cuidado”, conta um fisioterap­euta de 29 anos, reclamando sobre a falta de sincroniza­ção de semáforos na cidade. Ele conta que já levou multa por furar o sinal e por conversão errada, mas está há três anos sem ser autuado e diz que aprendeu com os erros do passado, quando era mais jovem e imprudente.

Entre tantas reclamaçõe­s, uma pedestre analisa sob um aspecto mais positivo. Silvia Apolinário Soares, 36, conta que percebe uma mudança no comportame­nto dos condutores. “Hoje eles param mais na faixa de pedestres para a gente atravessar, se for comparar como era antes, mudou muito”, comenta a auxiliar de serviços gerais. Houve avanço, mas na avenida Higienópol­is, o pedestre precisou ter um pouco de paciência para conseguir atravessar, mostrando que nem todas as faixas funcionam da mesma forma.

Maria Aparecida Rosa, 52, acredita que é preciso mexer no bolso para que os brasileiro­s sejam educados. A diarista reclama da impunidade no trânsito e aponta que muitos cometem infrações graves, ocasionand­o a morte de outras pessoas. “Dirigir bêbado não é acidente de trânsito, é crime. Daqui a pouco as pessoas vão deixar de usar armas para usar o carro para matar, porque não tem punição”, defende.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil