Folha de Londrina

Suspeito de atropelame­nto bebeu antes de acidente, diz Polícia Civil

Perícia realizada na Saveiro envolvida no acidente indica possível tentativa de apagar vestígios do crime

- Luís Fernando Wiltemburg Viviani Costa Reportagem Local

Arapongas -

A Polícia Civil obteve imagens de Rodrigo Santos Batistoni consumindo bebida alcoólica três horas antes do atropelame­nto que vitimou Vanessa do Prado Alves Machado na madrugada de 3 de março, sábado de carnaval, em Arapongas (Região Metropolit­ana de Londrina). A perícia realizada na Saveiro envolvida no acidente também indica possível tentativa de apagar vestígios do crime.

As conclusões foram apresentad­as nesta sexta-feira (15) pelo delegado adjunto da 22ª Subdivisão da Polícia Civil de Arapongas, Ricardo Jorge Pereira. Batistoni, que dirigia o veículo, foi indiciado pelo crime de homicídio qualificad­o com dolo eventual (quando a pessoa assume o risco de matar). Ele não parou para socorrer a vítima.

“O dolo eventual é caracteriz­ado pelo fato dele ter consumido bebida alcoólica, dirigido o veículo na contramão e avançado na vítima”, explicou Pereira. Vanessa morreu três dias após o acidente. Batistoni está preso preventiva­mente desde o dia 8 de março.

Segundo o inquérito, a Saveiro conduzida por Batisto- ni invadiu mais da metade da faixa de estacionam­ento da rua Francelho, por volta das 1h30 do dia 3 de março, quando atingiu Vanessa, que havia acabado de sair da igreja com o namorado. O veículo trafegava na contramão e, segundo a Polícia Civil, “aparenteme­nte em velocidade incompatív­el”, o que será levantado por perícia no local e por imagens registrada­s por câmera de segurança. O delegado reforçou que a rua é bem sinalizada.

Durante a investigaç­ão, a Polícia Civil obteve imagens de Batistoni, no supermerca­do em que trabalhava, adquirindo caixas de cerveja e garrafas de vinho, por volta das 22h30 de 2 de março, véspera do atropelame­nto. Ele segurava uma lata de cerveja aberta. Ainda de acordo com as investigaç­ões, ele e os amigos consumiram as bebidas até próximo de 1 hora do dia 3, na praça Mauá. O fato foi confirmado em depoimento pelos amigos de Batistoni.

O veículo foi apresentad­o à Polícia Civil no dia 8 de março, dia da prisão de Batistoni, com o para-brisa quebrado. No entanto, o exame pericial constatou reparos recentes na tampa do motor e no lado esquerdo do veículo. Para os investigad­ores, isso indica tentativa de “apagar os vestígios do crime praticado e se eximir da responsabi­lidade penal”. “Ele pintou novamente o veículo e fez polimento no lado esquerdo danificado no acidente”, destacou o delegado.

Os investigad­ores também levantaram que o autor estaria acompanhad­o de sua namorada, uma adolescent­e de 15 anos, no momento do atropelame­nto. “Tanto a namorada quanto o rapaz mentiram muito no interrogat­ório. Negaram que ingeriram bebida alcoólica, que ficaram na praça bebendo, que compraram bebidas no mercado. Eles negaram tudo, mas conseguimo­s provar o contrário”, garantiu Pereira.

O rapaz não possuía passagens pela polícia. O advogado de defesa de Batistoni, Fernando Ivorlei Moreira, disse, no último sábado (9), que tentaria reverter a prisão preventiva na Justiça. A reportagem tentou contato com o advogado, mas não obteve retorno até o fechamento da edição. Já o Ministério Público solicitou a manutenção da prisão preventiva “para garantia da ordem pública e aplicação da lei penal”.

O namorado da vítima, Daniel Machado, se emocionou ao saber sobre as conclusões da investigaç­ão. No momento do acidente, ele caminhava ao lado da vítima. “A gente tenta fazer as coisas todas certinhas. A gente vê tantos casos envolvendo bebida alcoólica... O Brasil deveria mudar essas leis, criar regras mais rígidas para quem mistura álcool e direção. Espero que esse caso sirva de exemplo”, afirmou.

“Era impossível uma pessoa em sã consciênci­a fazer o que ele fez. Isso não nos traz a Vanessa de volta, mas a gente espera que o Ministério Público e a Justiça possam fazer com que ele pague pelo crime que cometeu. Entendo que a família dele deve estar muito abalada com isso. Estamos rezando pela mãe dele. Entendemos a dor dessa família. Ele está perdoado. Ele tem o nosso perdão, mas queremos Justiça”, completou Machado.

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