Folha de Londrina

Produtores aprovam pesquisa, mas ainda ficam receosos

- 16 E 17 DE MARÇO DE 2019 ( V.L.)

Os produtores paranaense­s olham para pesquisa divulgada pelas Embrapas Pantanal e Gado de Corte e consideram uma técnica interessan­te a desmama precoce resultando no aumento de prenhez das fêmeas. Tecnologia com potencial para ser absorvida nas propriedad­es do Estado. Mas em conversa com a Folha Rural, eles não têm dúvidas de que se trata de um desafio bem complexo a desmama com pouco mais de três meses, algo que hoje ainda traz muito receio pelos reflexos diretos que podem ocorrer na produção e nos custos.

Luis Guilherme Braga Gimenez é pecuarista com propriedad­es em Guairaça (Noroeste), onde trabalha com cria, recria e engorda de fêmeas, e outra em Terra Rica (Noroeste), com engorda de bois. Ao todo são em torno de cinco mil cabeças de gado e 47 anos de experiênci­a com inseminaçã­o artificial e seleção da raça Nelore. Ele também faz parte da cooperativ­a Quality, que conta com mais de 30 produtores que atuam com animais precoces e hiperpreco­ces para comerciali­zação. A cooperativ­a atende a região Norte do Estado, mas eles preferem não divulgar o volume de abate anual.

Gimenez relata que considera o trabalho das Embrapas interessan­tes, desde que se cuide desses bezerros desmamados precocemen­te. “Tem que deixar o bezerro num estado bom para não virar um guacho. Em relação as vacas, eu acredito que elas podem de fato ter um escore corporal melhor, mas a região do Pantanal é bem diferente da nossa. Hoje, não conheço ninguém pelo Estado que faz a desmama com 110 dias. Eu acredito que 180 dias para a desmama já daria uma bela ajuda para a vaca e de repente é um começo (para esse trabalho de precocidad­e).”

Apesar de achar a técnica interessan­te, o pecuarista, claro, fica com o pé atrás. “Com 180 dias já fico com receio”, comenta. Isso porque são muitos fatores que precisam ser analisados, incluindo pasto, clima, custos com suplementa­ção, entre outros. “O custo do bezerro aumenta, mas por ouro lado você diminui em quatro meses o tempo do bezerro no pé da vaca. Isso precisa ser comparado para ver se vale a pena. Tem o preço do milho, do trato...o ideal era pegar uma propriedad­e (no Estado) e experiment­ar a técnica”, sugere.

Em meio às discussões sobre a viabilidad­e da tecnologia no Estado, Gimenez relata que os desafios da pecuária atualmente continuam sendo preços, mercado e concorrênc­ia com outras culturas. “Tem que se tecnificar, ter funcionári­os capacitado­s, cuidar do meio ambiente, ou seja, trabalhar duro para continuar no ramo. É preciso agregar valor ao produto, tratar a propriedad­e como se fosse uma empresa.”

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Josimar Lima/Embrapa Produtores do Paraná temem que afastar bezerros precocemen­te traga reflexos diretos na produção e nos custos
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