Produtores aprovam pesquisa, mas ainda ficam receosos
Os produtores paranaenses olham para pesquisa divulgada pelas Embrapas Pantanal e Gado de Corte e consideram uma técnica interessante a desmama precoce resultando no aumento de prenhez das fêmeas. Tecnologia com potencial para ser absorvida nas propriedades do Estado. Mas em conversa com a Folha Rural, eles não têm dúvidas de que se trata de um desafio bem complexo a desmama com pouco mais de três meses, algo que hoje ainda traz muito receio pelos reflexos diretos que podem ocorrer na produção e nos custos.
Luis Guilherme Braga Gimenez é pecuarista com propriedades em Guairaça (Noroeste), onde trabalha com cria, recria e engorda de fêmeas, e outra em Terra Rica (Noroeste), com engorda de bois. Ao todo são em torno de cinco mil cabeças de gado e 47 anos de experiência com inseminação artificial e seleção da raça Nelore. Ele também faz parte da cooperativa Quality, que conta com mais de 30 produtores que atuam com animais precoces e hiperprecoces para comercialização. A cooperativa atende a região Norte do Estado, mas eles preferem não divulgar o volume de abate anual.
Gimenez relata que considera o trabalho das Embrapas interessantes, desde que se cuide desses bezerros desmamados precocemente. “Tem que deixar o bezerro num estado bom para não virar um guacho. Em relação as vacas, eu acredito que elas podem de fato ter um escore corporal melhor, mas a região do Pantanal é bem diferente da nossa. Hoje, não conheço ninguém pelo Estado que faz a desmama com 110 dias. Eu acredito que 180 dias para a desmama já daria uma bela ajuda para a vaca e de repente é um começo (para esse trabalho de precocidade).”
Apesar de achar a técnica interessante, o pecuarista, claro, fica com o pé atrás. “Com 180 dias já fico com receio”, comenta. Isso porque são muitos fatores que precisam ser analisados, incluindo pasto, clima, custos com suplementação, entre outros. “O custo do bezerro aumenta, mas por ouro lado você diminui em quatro meses o tempo do bezerro no pé da vaca. Isso precisa ser comparado para ver se vale a pena. Tem o preço do milho, do trato...o ideal era pegar uma propriedade (no Estado) e experimentar a técnica”, sugere.
Em meio às discussões sobre a viabilidade da tecnologia no Estado, Gimenez relata que os desafios da pecuária atualmente continuam sendo preços, mercado e concorrência com outras culturas. “Tem que se tecnificar, ter funcionários capacitados, cuidar do meio ambiente, ou seja, trabalhar duro para continuar no ramo. É preciso agregar valor ao produto, tratar a propriedade como se fosse uma empresa.”