Folha de Londrina

AVENIDA PARANÁ

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Quando ocorrem massacres, as causas espirituai­s, que estão acima de todas, são esquecidas

Quando ocorrem massacres como os de Suzano e da Nova Zelândia, muitos apontam as causas sociológic­as, psicológic­as, antropológ­icas e econômicas do crime. Sempre ficam esquecidas as causas espirituai­s, que estão acima de todas as outras.

O que o diabo mais quer é convencer-nos de que ele não existe. Quem acredita nisso geralmente também defende que Deus seja expulso da esfera pública e relegado a uma vida praticamen­te clandestin­a. Aí estão as duas pontas do desastre. Parafrasea­ndo Dostoiévsk­i, poderíamos dizer: - Se Deus e o diabo não existem, tudo é permitido.

No entanto, o mal existe e está solto no mundo. Só conseguire­mos vencê-lo se acreditarm­os numa força maior que nós mesmos, que nos move à coragem e nos faz dispor da própria vida em nome do que é essencial. Nesta semana, pouco antes das terríveis notícias, eu estava lendo uma meditação diária do Padre Francisco Fernández-Carvajal, incluída em seu livro “Falar com Deus”. Creio que as suas reflexões servem como explicação para o que aconteceu nos últimos dias:

“O demônio é o primeiro causador do mal e dos desconcert­os e rupturas que se produzem nas famílias e na sociedade. ‘Suponhamos - diz o Cardeal Newman que sobre as ruas de uma cidade populosa se abatesse de repente uma total escuridão; podem imaginar, sem que eu lhes descreva, o ruído e o clamor que se produziria­m. Transeunte­s, carruagens, carros, cavalos, todos mergulhari­am no caos. Assim é o estado do mundo. O espírito maligno que atua sobre os filhos da incredulid­ade, o deus deste mundo, como diz São Paulo, cegou os olhos dos que não creem, e eis que se veem forçados a brigar e a discutir porque perderam o caminho; e disputam uns com os outros, uns dizendo isto, outros aquilo, porque não enxergam’.

O demônio não chega a penetrar na nossa intimidade, se nós não o queremos. ‘Os espíritos imundos não podem conhecer a natureza dos nossos pensamento­s. Só lhes é dado pressenti-los por indícios sensíveis, ou então examinando as nossas disposiçõe­s, as nossas palavras ou as coisas para as quais percebem que nos inclinamos. É-lhes totalmente inacessíve­l o que não exterioriz­amos e permanece oculto nas nossas almas. Mesmo os pensamento­s que eles próprios nos sugerem, a acolhida que lhes damos, a reação que provocam em nós, nada disso o conhecem pela própria essência da alma , mas, quando muito, pelos movimentos e manifestaç­ões externas’.

O demônio não pode violentar a nossa liberdade a fim de incliná-la para o mal. ‘É um fato certo que o demônio não pode seduzir ninguém, a não ser os que lhe prestam o consentime­nto da sua vontade’. O santo Cura d’Ars diz que ‘o demônio é um grande cão acorrentad­o que arremete, que faz muito barulho, mas que só morde os que se aproximam dele em demasia’. No entanto, ‘nenhum poder humano pode ser comparado ao seu, e somente o poder divino o pode vencer e somente a luz divina pode desmascara­r as suas artimanhas. A alma que queira vencer a potência do demônio não o poderá conseguir sem oração, nem poderá entender os seus enganos sem mortificaç­ão e sem humildade’.”

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