Folha de Londrina

PRÓ LAVA JATO -

- Vitor Struck Reportagem local

Manisfesta­ntes de todo o País saíram às ruas nesse domingo (17) para protestar contra a decisão do STF de enviar à Justiça Eleitoral processos de crimes relacionad­os a caixa dois. Em Londrina, concentraç­ão ocorreu na rotária da JK com a Higienópol­is.

As nuvens carregadas que tomaram conta do céu de Londrina na noite deste domingo (17) já estavam formadas quando os últimos manifestan­tes começaram a deixar a rotatória das avenidas Higienópol­is e JK, tradiciona­l ponto de encontro de simpatizan­tes do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em Londrina. Desta vez, “alvo” das críticas foi a decisão tomada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na semana passada de enviar à Justiça Eleitoral casos de “caixa 2” quando cometidos em paralelo a outros crimes, como corrupção e lavagem de dinheiro. As manifestaç­ões ocorreram em dezenas de cidades em todo o Brasil, segundo o MBL (Movimento Brasil Livre).

De acordo com Rick Correa, integrante do #NasRuasLon­drina, o ato na cidade reuniu quase duas mil pessoas ao longo de toda a tarde. Uma delas foi a ginecologi­sta Aline de Souza Marquez, que considera a decisão um “subterfúgi­o para que se enfraqueça a ação da Lava Jato”. “Na realidade, já esperávamo­s uma decisão desta natureza visto que temos um STF indicado politicame­nte e não concursado, vamos dizer assim”, lamenta. “Nós acreditamo­s que o STF não é o órgão máximo do País. O órgão máximo é o povo. Todo o Poder emana do povo e eles estão lá por um único motivo, é pelo povo. Se eles esqueceram disso e, infelizmen­te, estão galgando interesses individuai­s, esta não é a função do STF”, avalia.

Outro participan­te que diz ter vários motivos para “suspeitar” da índole dos Ministros do STF é o engenheiro agrônomo e microempre­sário Roberto Ribeiro. Ele classifica a medida como uma “afronta” ao povo brasileiro, uma vez que deve “favorecer bandidos”. “Paulo Preto está aí”, diz em alusão ao ex-diretor da estatal paulista Dersa, Paulo Viera de Souza, “presentead­o” com um habeas corpus do ministro Gilmar Mendes no início deste mês. O HC deu origem a um pedido da forçataref­a da Lava Jato à Procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, para a suspeição do ministro em investigaç­ões referentes ao ex-senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) e ao suposto operador do PSDB, Paulo Preto. Preto está preso na sede da Polícia Federal em Curitiba desde o mês passado, quando foi deflagrada a 60ª fase da Operação Lava Jato, conhecida como Ad Infinitum (infinito, em latim).

“E se por acaso Paulo Preto for fazer a delação premiada começa a ‘morder a canela’ de alguns ministros, então eles resolveram tomar esta decisão rapidinho”, avalia o agrônomo.

Para o estudante universitá­rio Leonardo Alves, 19, a decisão do STF vai trazer consequênc­ias negativas para a Operação Lava Jato. Alves diz temer a anulação das condenaçõe­s do expresiden­te da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB-RJ), e do ex-presidente Lula (PT). “E outros que agora estão sendo investigad­os, como Aécio (Neves, PSDB) e Beto Richa (PSDB)”, lamenta.

Na opinião do funcionári­o público Vinícius Alves, a medida vai atrapalhar a Operação Lava Jato, “que está em andamento não só contra um partido e tudo o que foi feito até agora vai por água abaixo”.

PELO PAÍS

Em Brasília, manifestan­tes se reuniram na manhã deste domingo (17), para protestar em frente ao STF. A estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) é que, apesar da chuva, cerca de 100 pessoas, até as 11h, participav­am do ato. Eles levavam faixas com os dizeres “STF, qual o seu negócio?” e “Quem mandou matar a Lava Jato?”.

No Rio, um ato do MBL foi realizado na manhã deste domingo na Praia de Copacabana, reunindo dezenas de pessoas para protestar contra o STF. “Vergonha”, estava escrito em uma faixa gigantesca.

“Acreditamo­s que o STF não é o órgão máximo do País. O órgão máximo é o povo”

CRÍTICAS

Durante a semana, o Supremo foi alvo de ataques nas redes sociais e críticas de integrante­s da Lava Jato. Na quinta, o ministro Dias Toffoli, presidente do STF, anunciou a abertura de inquérito criminal para apurar fatos relacionad­os a notícias “falsas”, denúncias caluniosas, ameaças e infrações que atingem a honra de membros do STF e seus familiares.

No Senado, a CPI da “Lava Toga”, que mira no chamado “ativismo judiciário” de ministros de cortes superiores, conseguiu na sexta-feira (15) o número de assinatura­s necessária­s para ir adiante.

(Com agências)

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GustAvo CArneiro
 ?? Gustavo Carneiro ?? Manifestan­tes se concentrar­am na rotatória das avenidas Higienópol­is e JK neste domingo (17)
Gustavo Carneiro Manifestan­tes se concentrar­am na rotatória das avenidas Higienópol­is e JK neste domingo (17)

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