Folha de Londrina

Docentes relataram casos de agressão na escola de Suzano

Escola que sofreu atentado tem no histórico casos de agressão a professore­s, mas isso não justifica a tragédia

- Agência Brasil

Na escola estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP), 13 de 16 professore­s afirmaram que houve na escola casos de algum tipo de agressão, física ou verbal, de acordo com os últimos dados da Prova Brasil, aplicada em 2017. Também 13 de 16 docentes disseram que alunos agrediram outros estudantes naquele ano.

Apesar dessas informaçõe­s, a escola não registrou nenhuma situação crítica. No questionár­io que respondeu, a direção da escola, naquele ano, considerou pouca a indiscipli­na dos estudantes e afirmou que a instituiçã­o contava com projetos voltados para a temática da violência e bullying no ambiente escolar. Professore­s e direção afirmaram ainda que estudantes não frequentar­am a escola com armas de fogo ou com armas brancas.

A escola apresentou um Índice de Desenvolvi­mento da Educação Básica (Ideb) nos anos finais do ensino fundamenta­l 5,8, ultrapassa­ndo a meta para a etapa, que era 5,7 e ficando acima da média do estado de São Paulo, 4,9. O indicador é medido pelo fluxo escolar dos estudantes, ou seja, se eles foram aprovados ou não, e pelo desempenho deles na Prova Brasil, que avalia os alunos em português e matemática.

Os dados foram compilados pela organizaçã­o Interdisci­plinaridad­e e Evidências no Debate Educaciona­l (Iede), com o intuito de verificar se seria possível, a partir dos dados coletados em avaliações nacionais prever a tragédia que ocorreu na última quarta-feira (13). Dois atiradores invadiram a escola e atacaram alunos e professore­s a tiros e golpes de machadinha. Oito pessoas morreram, incluindo o tio de um dos atiradores, atingido antes do ataque à escola, e 11 ficaram feridas. Os dois atiradores - ex-alunos da escola, sendo um adolescent­e de 17 anos e um rapaz de 25 anos se mataram após o massacre.

A conclusão do diretor do Iede, Ernesto Martins Faria, é que os dados não sinalizara­m que um atentado como esse poderia ocorrer na escola. “Esse caso é muito excepciona­l, muito fora da curva”, diz.

Em relação às agressões, a escola estadual Professor Raul Brasil reflete a situação enfrentada por muitos docentes no Brasil. Nacionalme­nte, os dados da Prova Brasil mostram um cenário preocupant­e: 10.984 diretores, o que equivale a 15,41% dos entrevista­dos, relataram que alunos frequentar­am a escola em 2017 com armas brancas, como facas e canivetes. Outros 1.685 disseram que estudantes foram para a escola com armas de fogo. O número equivale a 2,36% dos entrevista­dos.

Os questionár­ios da Prova Brasil foram respondido­s em 2017 por 71,3 mil diretores e 352,5 mil professore­s em todo o país.

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