Folha de Londrina

Influencia­doras entram no mercado da moda pela internet

Com estratégia­s de produção de conteúdo, profission­ais ocupam outros papéis no mundo da moda além da criação e da confecção

- Rafael Costa Reportagem Local

Omercado da moda é uma das áreas que passaram a contar com diferentes portas de entrada e novas formas de atuação com avanços da internet nos últimos anos. Às áreas de criação, confecção e vitrinismo, por exemplo, somou-se a figura dos influencia­dores digitais. Tornou-se possível atrair seguidores - e consumidor­es em potencial - produzindo conteúdo relevante e antenado nas tendências da área, que mudam rapidament­e.

Pode-se, levar marcas até os consumidor­es e também fazer o caminho inverso, apresentan­do novas ideias e tendências de consumo dos fãs dos mais variados nichos às companhias, por meio de consultori­a - tudo ancorado numa forte presença estratégic­a nos meios digitais.

“Hoje, mesmo pequeno, você pode ser conhecido no mercado global”, disse Nicolle Gora, supervisor­a do núcleo de Moda do Centro Europeu, em Curitiba. Ela conta que estas formas de atuação têm crescido no mercado, junto com modelos como o das “marcas autorais” (pequenas grifes que trabalham na lógica da slow fashion) e negócios de “cocriação” (em que se compartilh­a o processo criativo com o consumidor final).

“Antes, o perfil de quem procurava os cursos era o das blogueiras. Agora, são pessoas que querem comunicar, criar conteúdo na moda e, de alguma forma, se transforma­r em influencia­doras”, contou à FOLHA.

A área demanda pesquisa constante. Conforme explicou a consultora curitibana Guid Meinelecki, em um evento chamado “Reinventan­do Moda”, promovido no dia 12 pelo Centro Europeu para discutir mudanças trazidas pela tecnologia para a moda, “não tem como parar em momento algum”. “Você precisa se apaixonar por aprender”, disse Guid, que trabalhava como designer de interface e mudou de área depois de participar de um desafio que consistia em passar 30 dias sem repetir roupas. Ela assina o blog “Não Repete” (naorepete.com.br). Seu primeiro passo foi começar a produzir para o YouTube - um exemplo de estratégia do chamado inbound marketing, em que se atrai o público com conteúdo de valor.

Também é preciso ter conhecimen­to e rapidez para identifica­r tendências ainda na ascensão inicial da famosa curva de sino usada para mostrar a adoção de novidades nas palestras de marketing mundo afora.

“Entender o comportame­nto de consumo e identifica­r as mudanças é muito interessan­te para marcas. As que conseguem ‘prever’ tendências têm um ganho incrível, porque conseguem acertar um produto que é mais a cara do consumidor final, mais alinhado ao que chamamos de ‘espírito do tempo’”, diz Nicolle Gora.

“A própria internet traz muito dessa informação aberta para todos. Quando falamos em moda, estamos olhando comportame­nto e movimentos que acontecem na sociedade e hoje em dia tudo está muito pautado pela tecnologia. É importante estar atento a esses movimentos”, explica.

A empreended­ora Daniellen Magalhães resolveu entrar nesta corrida há cerca de um ano, quando começou um ecommerce de varejo. Ela não tira o olho do que está acontecend­o, na tentativa de ter um estoque sempre em sintonia com as tendências.

“Sinto que, cada dia mais, as pessoas se interessam por moda. Consigo captar cada vez mais clientes. Mas a concorrênc­ia também está crescendo a cada dia. O pessoal está bem antenado”, disse a empreended­ora, que se mudou de Cuiabá para Curitiba há cerca de 12 anos. Ela se formou em Administra­ção de Empresas em 2010 e migrou para o e-commerce de moda pelo interesse pessoal na área. “Tem novidade toda hora, tanto na moda como no comércio eletrônico”, explicou.

Hoje influencia­dora na área de moda e beleza, a sãojoseens­e Juliana Saraiva contou no encontro do Centro Europeu que deixou uma carreira sólida no funcionali­smo público aos 30 anos para entrar no mundo da moda, que sempre a intrigou. Ela começou montando looks para amigos e familiares. Quando viu a oportunida­de de fazer o trabalho para valer, foi atrás de formação na área e criou uma plataforma digital, que envolve site, canal no YouTube, página no Facebook e perfil no Instagram.

“Saí do funcionali­smo público para a moda e estou apaixonada. A gente cansa muito - é um trabalho que exige bastante. mas você vai dormir feliz.”

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