Folha de Londrina

Consumo regular de fibras pode prevenir doenças crônicas

Apesar dos benefícios, maioria da população mundial consome menos do que o recomendad­o pela OMS

- Ludimila Honorato

São Paulo -Dizerqueoi­ntestino é o segundo cérebro do corpo humano não é exagero, e aqui falamos principalm­ente do intestino delgado. Além de uma rede de neurotrans­missores evoluídos que formam o sistema nervoso entérico, é lá que está mais de 90% da serotonina presente no organismo. Por influencia­r muito o que ocorre dentro de nós e praticamen­te ter vida própria, ele precisa estar saudável, e as fibras alimentare­s ajudam a mantê-lo assim. Mais do que isso, o consumo regular de fibras pode prevenir doenças crônicas e metabólica­s, como problemas no coração e diabete tipo 2.

“Além de fazer o intestino funcionar adequadame­nte, as fibras acabam sendo um selecionad­or de flora intestinal. Conforme tem alimentos diversos, também tem uma microbiota mais diversa com funções benéficas para a saúde”, diz a nutricioni­sta Marcia Daskal,

A microbiota de que ela fala são as trilhões de bactérias que habitam o sistema digestivo e ajudam, por exemplo, na digestão. “Algumas fibras têm função prebiótica, ou seja, estimula a produção de substância­s para esses mi- crorganism­os”, explica Maria do Carmo Friche, gastroente­rologista e professora na UFMG (Universida­de Federal de Minas Gerais).

Frutas, vegetais e verduras são alimentos ricos em fibras, mas de 60% a 87% da população mundial consomem menos do que é recomendad­o pela OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde), que seriam 400 gramas ou cinco porções por dia.

No Brasil, embora 78% das pessoas afirmem consumir fibras no dia a dia, apenas 37% costumam ingeri-las mais de uma vez ao dia. Os dados são da pesquisa “O Consumo de fibras no Brasil”, encomendad­a pela FiberNorm®, da farmacêuti­ca Takeda, e conduzida pelo Ibope Inteligênc­ia via internet com duas mil pessoas.

Além de consumir fibras, é importante variar nos tipos: existem as solúveis e a insolúveis. “As solúveis são fibras que absorvem água, como polpas de vegetais e frutas. Já as insolúveis exercem função mais mecânica, de estimular o movimento peristálti­co do intestino”, explica a nutricioni­sta, que cita cereais e folhas.

Mas, enquanto a OMS recomenda 20 gramas de fibras por dia para as mulheres e 25 gramas para os homens, o brasileiro ingere apenas 12 gramas, em média. E, segundo a pesquisa do Ibope, 67% dos entrevista­dos consomem feijão, grão-de-bico e lentilha pelo menos uma vez ao dia. Ou seja, a maior parte das fibras ingeridas vem de produtos únicos, não variados.

PESQUISA

Um estudo publicado em janeiro na revista The Lancet observou que o consumo de 25 a 29 gramas ou mais de fibras por dia reduziu de 15% a 30% a mortalidad­e por todas as causas e por doenças cardiovasc­ulares. Alimentos ricos em fibras também diminuíram a incidência de doenças coronárias, derrame, diabete tipo 2 e em 16% a 24% a ocorrência de câncer colorretal.

Nas análises de estudos e triagens clínicas conduzidas por cerca de 40 anos, os autores do estudo incluíram apenas pessoas saudáveis, por isso os resultados não podem ser aplicados a quem já tem alguma doença crônica.

Friche afirma que essas funções das fibras ainda estão sendo estudadas e não se pode fazer uma associação direta. “O estudo abre horizontes, mas hoje a gente fala que, indiretame­nte, com certeza ajuda fornecendo alimentaçã­o saudável para o intestino”, diz a especialis­ta. O estudo indicou ainda que o consumo de fibras estava associado a baixos índices de colesterol e peso.

REFEIÇÃO PRINCIPAL

A nutricioni­sta, que é fundadora da Recomendo - assessoria em nutrição e qualidade de vida, afirma que, para atingir o ideal de 25 gramas de fibras por dia, é necessário comer, pelo menos, uma fonte do nutriente em cada refeição principal.

Além do feijão com arroz, que é a principal fonte de fibras dos brasileiro­s, ela indica acrescenta­r verdura refogada, vegetal cozido, salada e frutas, numa média de cinco a oito deles por dia. Para quem tem restrições alimentare­s ou vai viajar e não sabe quais alimentos terá à disposição, ela indica o uso de suplemento de fibras.

As fibras acabam sendo um selecionad­or de flora intestinal”

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