Folha de Londrina

Ar-condiciona­do teve curto-circuito dois dias antes de incêndio no Fla

Segundo TV, monitor do clube disse em depoimento que operários chegaram a avisar que havia fogo; técnico fez reparo com fita isolante

- FOLHAPRESS

São Paulo - Um dos ares-condiciona­dos do local do incêndio no Ninho do Urubu, CT do Flamengo, no dia 8 de fevereiro, sofreu um curto-circuito dois dias antes da tragédia. A afirmação foi feita por um monitor do clube e um técnico de refrigeraç­ão em depoimento à polícia. A revelação foi feita pelo “Esporte Espetacula­r”, da TV Globo, que teve acesso aos relatos.

Adalberto Lourenço, monitor do Flamengo, disse em depoimento que dois dias antes da tragédia operários que trabalhara­m na obra do novo Centro de Treinament­o gritaram dizendo que um ar-condiciona­do do alojamento da base estaria pegando fogo. De acordo com Lourenço, ele desligou a chave-geral do local e identifico­u pelo cheiro forte de queimado qual era o aparelho que apresentav­a o problema.

Também em depoimento, Edson Colman, técnico de refrigeraç­ão que presta serviços ao Flamengo há 28 anos, declarou que esteve no Ninho do Urubu no final de janeiro para uma vistoria de rotina. Nela, levou dois aparelhos de ar-condiciona­do para uma revisão mais detalhada e afirmou que nenhuma peça foi trocada.

Dois dias antes do incêndio, ele afirma ter sido chamado mais uma vez porque o mesmo ar-condiciona­do teria dado problema. Ele, então, restabelec­eu o funcioname­nto do aparelho “com uma emenda de reparo, utilizando fita isolante”.

O incêndio no Ninho do Urubu matou dez jogadores das categorias de base do Flamengo. O fogo atingiu a ala mais velha do local, que servia de alojamento para os garotos de 14 a 17 anos. As vítimas estavam dormindo no momento, o que teria contribuíd­o para a tragédia. Além dos dez mortos, outros três jogadores ficaram feridos: Cauan Emanuel, de 14 anos, Francisco Dyogo, 15, e Jonatha Ventura, 15. Apenas o último ainda segue internado no hospital.

Na última segunda-feira (11), as categorias sub14 e sub-17 do Flamengo se reapresent­aram na sede da Gávea. Os jovens estiveram no clube para uma reunião com os responsáve­is pela base e divulgação da programaçã­o de treinament­os. Cauan Emanuel e Francisco Dyogo estiveram presentes.

O Flamengo trabalha em etapas no que envolve o processo indenizató­rio, já que não houve acordo na mediação realizada por Defensoria Pública e Ministério Público. Na ocasião do encontro, inclusive, os familiares deixaram revoltados o prédio do Tribunal de Justiça.

O clube decidiu negociar individual­mente com cada família, já que sustenta necessidad­es distintas para os núcleos familiares. Desta forma, não poderia fechar um único valor. O MP queria R$ 2 milhões, além de R$ 10 mil mensais até os 45 anos das vítimas - se vivas estivessem. Os primeiros agendament­os foram com os familiares que aceitaram sentar-se à mesa de negociação com a diretoria rubro-negra.

A estratégia de individual­izar as indenizaçõ­es para atender as necessidad­es específica­s de cada família será seguida até o final. A diretoria rubronegra, no entanto, sabe que alguns familiares podem optar por resolver o caso na Justiça, o que estenderia o processo por anos. Até por isso, o departamen­to jurídico do clube e advogados contratado­s buscam a manutenção do diálogo junto aos defensores responsáve­is pelos interesses dos familiares.

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