Folha de Londrina

PEC que extingue aposentado­ria de ex-governador­es avança na AL

Texto atual só contempla futuros chefes de Estado; deputados avaliam possibilid­ade de cortar benefício também de quem já recebe

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local

Curitiba –

A PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão) 1/2019, que extingue as aposentado­rias dos ex-governador­es do Paraná, foi aprovada nesta quarta-feira (20) pela CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça) da AL (Assembleia Legislativ­a). Agora, uma comissão especial formada por cinco deputados, do PSL, do PSC, do PSB, do PSD e do PSDB, terá o prazo de três sessões ordinárias para receber emendas ao texto e mais dez para apresentar um parecer. Segundo o presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB), a expectativ­a é de que a votação em plenário aconteça em 20 dias.

A PEC é de autoria do governador Ratinho Junior (PSD), que defendeu durante a campanha eleitoral “dar o exemplo” e diminuir o inchaço da máquina. A matéria que tramita na AL, porém, não é retroativa. Ou seja, se for aprovada do jeito que está, a regra passará a valer apenas a partir do próprio Ratinho. Atualmente, nove ex-chefes do Executivo e três viúvas de ex-mandatário­s do Estado recebem o benefício. O subsídio mensal bruto, até mesmo para aqueles que ficaram somente alguns meses no cargo, é de R$ 30.471,11.

O relator da matéria na CCJ, Homero Marchese (PROS), adiantou que apresentar­á emenda estendendo o corte a todos. Durante a reunião da comissão, ele citou decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) que acabaram com esse tipo de aposentado­ria em Sergipe, Mato Grosso, Pará e Maranhão. Mencionou, ainda, a ADI (Ação Direta de Inconstitu­cionalidad­e) 4545, impetrada pelo Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) contra o benefício concedido no Paraná. O parlamenta­r disse não aceitar o argumento de ofensa a um direito adquirido, uma vez que ele é baseado numa legislação em desacordo com a Constituiç­ão Federal de 1988.

DÚVIDAS

“Existe uma tendência na Casa muito forte pela aprovação da PEC. Os deputados estão em consonânci­a com o recado das urnas – acabar com privilégio­s. Agora, não dá para negar que existe aí um ponto de interrogaç­ão muito grande: uma corrente de deputados quer fazer com que a lei retroaja. Esse é o ponto mais nevrálgico da discussão. Aí reside o tempo que vai demorar, a questão legal. É consenso de que é necessário daqui para frente estabelece­r essa regra. A dúvida é jurídica”, comentou o líder da situação, Hussein Bakri (PSD).

O líder da oposição, Tadeu Veneri (PT), foi na mesma linha. “Nós votamos favorável à admissibil­idade da PEC [na CCJ]. Ela tem todos os componente­s legais. O relator antecipou que vai apresentar a emenda para que ela seja retroativa. Embora eu concorde no mérito, tenho uma dúvida muito grande sobre a sua constituci­onalidade. Acredito que se nós apresentar­mos aqui uma PEC que contenha essa possibilid­ade, de retirar direitos já consagrado­s anteriorme­nte, ainda que seja questionad­a a forma como foi feita, poderemos entrar num terreno que nos levará a um debate que não queremos, no Judiciário”.

Antes da reunião da CCJ, no período da manhã, o tema foi discutido numa audiência pública. Como altera a Constituiç­ão, a PEC precisa da aprovação de 3/5 dos 54 deputados, em dois turnos.

Como altera a Constituiç­ão, a PEC precisa da aprovação de 3/5 dos 54 deputados, em dois turnos

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Dálie Felberg /Alep Proposta foi aprovada nesta quarta-feira (20) pela Comissão de Constituiç­ão e Justiça da Assembleia Legislativ­a
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