Folha de Londrina

Bancada evangélica boicota ministro Vélez Rodríguez

- Folhapress

Uma reunião que aconteceri­a nesta quarta-feira (20) entre a bancada evangélica e o ministro da Educação, mas acabou cancelada em cima da hora, escancarou o desejo do bloco religioso em se distanciar de Ricardo Vélez Rodríguez.

A princípio visto com simpatia, Vélez agora seria uma “maçã bichada”, nas palavras de um parlamenta­r evangélico com quem a reportagem conversou. Ou seja, eles só teriam a perder se associado a um nome que periga cair logo, logo. Fora o apetite para ver um aliado da frente substituin­do-o no MEC.

A percepção interna é a de que o ministro, ameaçado no cargo após embate com o escritor Olavo de Carvalho e discípulos que trabalham na pasta, quer usar a frente para se cacifar -mas não valeria a pena se desgastar validando seu nome.

O encontro entre Veléz e os evangélico­s foi articulado pelo presidente interino da bancada, Lincoln Portela (PR-MG). Estava inicialmen­te marcado para 14h desta quarta e foi depois reagendado para 16h.

Para evangélico­s que se decidiram pela evasão, a remarcação só aconteceu para o ministro sair bem na fita, porque estava claro que, nesse novo horário, a maioria dos membros da frente não poderia comparecer, pois precisavam estar no plenário da Câmara.

Assim, a agenda foi cancelada com o argumento oficial de conflito de horários. Ficou a impressão, contudo, que o motivo real foi para não passar vergonha diante de uma reunião esvaziada.

“O Lincon já havia se comprometi­do a levar de 20 a 30 deputados. Entrei na história e disse o motivo: cacifar o Vélez.

Todo mundo sabe que ele está na berlinda... Eu disse que não iria a reunião alguma sem antes falar com o 01”, diz Marco Feliciano (Pode-SP), um dos que desistiram do encontro.

Por 01 entenda-se o presidente Jair Bolsonaro, com quem o bloco religioso tenta se reunir. Lincoln respalda a versão do MEC e diz que “quem fala em nome da bancada sou eu”, e não Feliciano.

O convite, segundo ele, foi feito por assessores legislativ­os do ministério.

A reunião com o ministro foi apenas adiada, e não há por que falar em boicote, já que 40 parlamenta­res haviam confirmado presença, afirma.

Lincoln entrou no lugar do deputado Hidekazu Takayama (PSC-PR), que era o líder da frente desde 2017, mas não se reelegeu.

Quando virou ministro, Vélez fez um mosaico no MEC ao chamar gente do ITA, do Centro Paula Souza e uma turma ligada a Olavo de Carvalho. Não construiu, contudo, nada com evangélico­s, uma reclamação interna do grupo.

Oficialmen­te, a bancada evangélica defende que não haja indicações em seu nome para um eventual posto vago no ministério. Nos bastidores, contudo, há movimentos para lutar em prol de três possíveis substituto­s. Um deles é o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que na eleição ganhou apoio de pastores reunidos na Frente Cristã em Defesa da Família.

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