Selic completa um ano em 6,5% e mercado começa a indicar espaço para corte
O Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros da economia em 6,50% ao ano, marcando um ano desde que a Selic chegou ao menor patamar da história. É também o período mais longo em que a taxa permanece em seu piso.
A decisão era esperada de forma unânime pelos 39 economistas consultados pela agência de notícias Bloomberg nesta que é a primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) conduzida pelo novo presidente do BC, Roberto Campos Neto.
A taxa de 6,50% é também a Selic esperada por economistas ouvidos pelo Banco Central para o final de 2019, indicando ceticismo do mercado para uma recuperação econômica. Nesta semana, pela primeira vez houve redução nas estimativas do patamar de juros ao final de 2020, que agora deve ir para 7,75%. Até a semana anterior, a projeção indicava juros a 8%.
Com as revisões para baixo da economia brasileira neste ano, começa a ganhar força o discurso de que os juros poderiam até cair ainda em 2019.
“A retomada mais moderada da atividade amplia as chances de corte de juros em algum momento do ano”, escreveu o Bradesco em relatório publicado nesta segunda. O banco Fator prevê que os juros poderiam encerrar 2019 em 5,50%, um ponto percentual abaixo do atual nível.
Apesar de todas as indicações do mercado, o BC segue cauteloso, o que é atribuído ao receio de um atraso ou mesmo a não aprovação da reforma da Previdência. Não é o cenário base do mercado financeiro, mas sem a medida, considerada crucial para o equilíbrio das contas públicas, o dólar poderia disparar, assim como a inflação.
“A aprovação da reforma da Previdência, entretanto, não nos parece uma condição necessária para que haja corte de juros, desde que sua tramitação esteja avançando e as expectativas de inflação estejam abaixo do centro da meta, com câmbio comportado e ociosidade relevante na economia, condições hoje presentes no cenário”, acrescentou o Bradesco.
Campos Neto havia sinalizado que nessa reunião não haveria espaço para mudança nos juros, mas alguns economistas começam a indicar que isso poderia ocorrer na próxima reunião, em maio.