Folha de Londrina

Prefeito de Porecatu tem bens bloqueados

Após prometer 120 empregos em fábrica de calçados, Fabio Luiz Andrade responde a processo de improbidad­e administra­tiva movido pelo Ministério Público

- Guilherme Marconi Reportagem Local

Oempréstim­o de um imóvel do município de Porecatu (Região Metropolit­ana de Londrina) para uma fábrica de calçados levou a Justiça a bloquear os bens do prefeito Fábio Luiz Andrade em R$ 488 mil. A empresa Lamá Lui Eireli, a J. Campos Construçõe­s e três empresário­s estão entre os denunciado­s por improbidad­e administra­tiva em ação civil pública proposta pelo MP (Ministério Público).

A decisão do juiz substituto da comarca de Colorado, Diego Gustavo Pereira, proferida nesta terça-feira (19) atende ao pedido da promotora de Porecatu, Silvia Luiza Dariva e Pereira. O caso foi denunciado por alguns vereadores em 2017 após o prefeito ceder um terreno para a instalação de uma indústria de calçados, mas o procedimen­to foi feito sem qualquer tipo de formalidad­e, segundo o MP. Ou seja, a prefeitura não realizou licitação, não fez avaliação do bem e o processo sequer passou por autorizaçã­o prévia do Legislativ­o.

Em dezembro do mesmo ano, o Executivo ainda contratou com dinheiro público outra empresa para a reforma do imóvel para beneficiar a fábrica. Apesar do processo da obra ter passado por edital licitatóri­o por tomada de preços, poucos meses depois foi firmado um aditivo elevando o valor inicial da reforma em 49% (R$ 54.194,50). O custo previsto da reforma era de R$ 108 mil, mas ultrapasso­u os R$ 162 mil. “Além disso, as investigaç­ões mostram que nesta etapa foi quebrada a cláusula expressa no contrato original que limitou em 25% em caso de acréscimo”, explicou a promotora à FOLHA.

Segundo Sandra Pereira, o bloqueio de bens é necessário para ressarcir os cofres municipais com acréscimo de multa que pode chegar a três vezes o valor do dano. O MP exige ainda a retomada do imóvel ao município e que a construtur­a devolva o montante repassado no aditivo.

PROMESSA DE EMPREGOS

A promotora relatou ainda que nem os supostos benefícios da fábrica foram comprovado­s. “Até agora o beneficiár­io não comprovou os empregos prometidos e as operações na cidade”, salientou. Na página da prefeitura na internet, a atual gestão chegou a divulgar que a fábrica de calçados infantis e de bebês iria gerar 120 empregos diretos.

A FOLHA tentou contato com o prefeito Fabio Luiz Andrade em seu gabinete, mas sua assessoria disse que ele estava em viagem a Curitiba. Andrade não retornou as ligações.

O empresário Antonio Carlos Velasco confirmou que transferiu o maquinário da sua antiga fábrica em Dr. Camargo (Noroeste) para Porecatu após insistênci­a de políticos da região e vereadores aliados ao prefeito. A promessa feita a ele seria da gratuidade no aluguel do imóvel e isenção na conta de luz. Segundo Velasco, seu maquinário ficou parado por quase um ano à espera da prometida reforma no barracão. “Eu iria exercer a mesma atividade, a confeção de sapato para bebê, mas fiquei muito tempo parado e precisei recuperar a clientela.”

O empresário disse que nunca prometeu 120 empregos e que atua desde a metade de 2018 com uma média de oito funcionári­os. “É difícil conseguir mão de obra na cidade, estou precisando treinar as costureira­s. Eu não sei o que fazer, entrei nessa situação de paraquedas, eu estou com documento da Câmara me cedendo o terreno por 20 anos”, pontua Velasco. Ele ainda não foi notificado da decisão judicial do bloqueio de bens. O dono da construtor­a que fez a reforma não foi encontrado.

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Sergio Ranalli/6-8-2015 O empréstimo do terreno foi feito em 2017 sem qualquer tipo de formalidad­e, segundo o MP

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