Folha de Londrina

ENFIM, O FILO

Festival Internacio­nal de Londrina abre a 50ª edição com espetáculo da Cia do Tijolo inspirado na vida e obra de pensadores utópicos

- Marcos Roman

Após hiato de um ano, o Filo (Festival Internacio­nal de Londrina) volta à agenda cultural da cidade. Espetáculo “A cabeça gosta de pensar, mas os passos tecem a existência”, da Cia do Tijolo, inspirado na vida e obra de pensadores utópicos, abre a programaçã­o do festival com duas apresentaç­ões: hoje e amanhã, às 20h30, no Teatro Ouro Verde.

Após o hiato de um ano, o Filo (Festival Internacio­nal de Londrina) está de volta à agenda cultural da cidade. O retorno do evento que há meio século colocou Londrina em um lugar de destaque no mapa nacional das artes cênicas será marcado com uma grande festa de abertura que celebrará a edição histórica batizada de “50+1”. Os anfitriões responsáve­is por dar início às comemoraçõ­es do jubileu de ouro de uma dos mais antigos festivais de teatro da América Latina serão os integrante­s da Cia do Tijolo, que brindarão o público com música e poesia.

O premiado grupo paulistano sobe ao palco do Teatro Ouro Verde para apresentar nesta quinta (15) e sexta-feira (16), às 20h30, “A cabeça gosta de pensar, mas os passos tecem a existência”. Criado especialme­nte para a edição que comemora meio século de festival, o espetáculo reúne trechos de montagens com as quais a trupe homenageou personalid­ades que contagiara­m o mundo das artes e das ideias com pensamento­s utópicos.

“Usamos a utopia para promover um encontro afetivo e a partir daí abrimos espaço para a reflexão sobre questões do nosso tempo. Esse contato é promovido através da música e da poesia, elementos que em nossos espetáculo­s estão sempre no mesmo patamar”, destaca Dinho Lima Flor, ator, diretor e um dos fundadores da Cia do Tijolo. Ele explica que “A cabeça gosta de pensar, mas os passos tecem a existência” faz uma revisitaçã­o dos melhores momentos de outras montagens do grupo. “Reunimos trechos de Concerto de Ispinho e Fulô, inspirado na obra do poeta Patativa do Assaré. Cantata para um Bastidor de Utopias, sobre a obra do poeta Federico Garcia Lorca. Ledores do Breu, criado a partir dos pensamento­s e práticas do educador Paulo Freire. E tem ainda o Avesso do Claustro, com o qual homenageam­os Dom Helder Câmara, um grande defensor de causas sociais do país”, detalha.

O diretor salienta que no espetáculo que define como lítero-musical há espaço para composiçõe­s autorais e clássicos do cancioneir­o nacional. “Todos o integrante­s da companhia são cantores. Nesta montagem cantamos clássicos de Nelson Cavaquinho, Luiz Gonzaga e Cartola, entre outros, e interpreta­rmos canções criadas especialme­nte para os nossos espetáculo­s por Jona

than Silva, que além de ator do grupo tem se mostrado um dos compositor­es mais antenados de sua geração. O repertorio musical é costurado a um texto poético muito poderoso que leva o público a refletir sobre o momento sombrio que o Brasil atravessa, mas sem abrir espaço para o pessimismo. Nosso objetivo é despertar a esperança e mostrar que o povo brasileiro é muito mais forte que as lideranças políticas que comandam o Planalto com o objetivo claro de destruir os pilares civilizató­rios começando pela cultura e educação”.

Dinho destaca que ao optar por combater o obscuranti­smo com a alegria o grupo adere ao conselho do frade e escritor dominicano Frei Betto. “Ele diz: guardemos o pessimismo para dias melhores. É hora de lutar por dias melhores e comemorar cada obstáculo vencido. Um exemplo é essa edição comemorati­va do Filo que deixou de ser apresentad­o no ano passado por falta de recursos financeiro­s e agora volta à cena. É triste quando um evento desse porte deixa de ser realizado, o país fica mais pobre quando isso acontece. Mas agora é o momento de comemorar essa vitória, pois o Filo está de volta e para nós da Cia do Tijolo é uma imensa honra fazer parte dessa festa de abertura”, enfatiza.

Com 11 anos de existência, essa será a primeira vez que a trupe paulistana participa do festival. “Vários integrante­s da Cia do Tijolo já participar­am do Filo com outros grupos dos quais participar­am, como eu que estive aqui em 2006, com o ator Cacá Carvalho apresentan­do o espetáculo O Homem Provisório. Todos nós sabemos da importânci­a do Filo e da potência que Londrina tem para as artes cênicas. Por isso a expectativ­a sobre a nossa participaç­ão no evento é a melhor possível”, afirma o diretor que é um dos fundadores do grupo formado por membros que faziam parte de dois tradiciona­is grupos de teatro de São Paulo: o Teatro Ventoforte e a Cia. São Jorge de Variedades. Construind­o uma linguagem bastante singular no teatro musical brasileiro, a Cia do Tijolo conquistou o Prêmio Shell 2014 na categoria Melhor Cenário e Melhor Música com o espetáculo “Cantata para um Bastidor de Utopias”, que também rendeu ao grupo o prêmio Cooperativ­a Paulista de Teatro 2013 de melhor projeto sonoro. A montagem do “Concerto de Ispinho e Fulô” também rendeu à companhia o Prêmio Shell 2010 na categoria Melhor Música.

A programaçã­o completa da 50ª edição do Filo conta com 36 espetáculo­s que serão apresentad­os até o dia 1º de setembro. A grade completa pode ser conferida no site filo.art.br Abertura do 50º Festival Internacio­nal de Londrina (Filo) - “A cabeça gosta de pensar, mas os passos tecem a existência”, com Cia do Tijolo (SP)

Quando – Quinta (15) e sexta-feira (16), às 20h30

Onde – Teatro Ouro Verde (R. Maranhão, 85)

Quanto – R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)

Pontos de venda - Óticas Diniz, Empório Amadeus (Mercadão da Prochet - Avenida Harry Prochet, 305 - Box 95 – de terça a sexta, das 12h às 22h; sábado, das 10 às 20h; domingo, das 10h às 14h)e www.diskingres­sos.com.br

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Alécio Cézar/Divulgação
 ?? Alécio Cézar/ Divulgação ?? O grupo paulistano Cia do Tijolo traz a Londrina um espetáculo concebido especialme­nte para os 50 anos do Filo com reflexões sobre questões do nosso tempo
Alécio Cézar/ Divulgação O grupo paulistano Cia do Tijolo traz a Londrina um espetáculo concebido especialme­nte para os 50 anos do Filo com reflexões sobre questões do nosso tempo
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 ??  ?? Cia do Tijolo reúne música e poesia para enfocar as ideias de pensadores utópicos
Cia do Tijolo reúne música e poesia para enfocar as ideias de pensadores utópicos

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