Folha de Londrina

TEMPO SECO -

Metade da área de 76 mil hectares foi destruída pelo fogo; ventos atrapalham combate às chamas

- Vítor Ogawa

A estiagem que atinge o Paraná tem causado vários incêndios ambientais. No Noroeste, o fogo consumiu metade da área do Parque Nacional de Ilha Grande. Já em Londrina, as chamas destruíram uma pastagem na zona sul da cidade (foto)

Um incêndio de grandes proporções atinge o Parque Nacional de Ilha Grande (Noroeste) desde quintafeir­a (8). Estimativa do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservaçã­o da Biodiversi­dade ) aponta que a área atingida pelo fogo é de 29 mil hectares na Ilha Grande e 3,5 mil hectares na várzea continenta­l. A área do parque é de 76 mil hectares.

O parque abrange as ilhas Grande, Peruzzi, do Pavão e Bandeirant­es, no rio Paraná, e sua área é delimitada pelos municípios de Alto Paraíso, Altônia, Guaíra, Icaraíma e São Jorge do Patrocínio, no Paraná, e de Eldorado, Itaquiraí, Mundo Novo e Naviraí, no Mato Grosso do Sul. O tempo seco e o vento atrapalham o combate às chamas.

Segundo informaçõe­s de um morador das imediações, que pediu para não ser identifica­do, há vários dias não chove na região. Em entrevista à FOLHA, ele afirmou que anualmente ocorrem incêndios no parque, mas que as chamas este ano estão mais extensas e altas. “Eu vejo as chamas atingirem três metros de altura”, apontou.

Segundo ele, em incêndios assim é comum morrerem animais como tamanduás, onças e cobras, além de várias aves. Ele afirmou que dificilmen­te haverá vítimas humanas, já que o parque possui acesso restrito para visitantes. “Os ribeirinho­s que moravam por lá foram removidos há muitos anos”, declarou. No entanto, a população que mora nas proximidad­es tem sofrido com o incêndio. “O ar está muito seco. Tem muita fumaça e muita fuligem. Está bastante difícil de respirar”, declarou.

Dezenas de funcionári­os do ICMBio estão trabalhand­o no combate às chamas. Proprietár­io de hotel e responsáve­l por passeios de barcos no rio Paraná, Lúcio Freire dos Santos observou que a vegetação foi bastante destruída. “A preocupaçã­o da gente é com relação aos animais. Devem ter morrido muitos deles. Fazia muito tempo que não via araras e tucanos e nesta quinta-feira (15) passaram em cima do hotel, o que significa que elas estão fugindo”, destacou. Eles afirmaram que, de certa forma, o incêndio afeta seus negócios. “Eu, quando passeio com os turistas, gosto que vejam os animais. Agora por um bom tempo não vamos conseguir ver”, disse. Ele ressaltou que a fumaça diminuiu em relação à quarta-feira em Porto Camargo, em Icaraíma, porque o vento está em direção ao Mato Grosso do Sul.

A reportagem entrou em contato com o Corpo de Bombeiros de Altônia, que relatou a dificuldad­e de comunicaçã­o com os oficiais no local. “Nós temos mais ou menos 20 militares no local desde terça-feira no local, mas a área não tem comunicaçã­o por rádio ou telefone”, declarou o cabo Abroes Fábio da Silva.

“Não sabemos condições ainda quais as na unidade Divulgação/ICMBio de conservaçã­o, porque a comunicaçã­o não é possível. Além dos nossos 20 militares, temos o apoio de equipes de Francisco Beltrão, Pato Branco, Foz do Iguaçu, Umuarama e Cascavel, que enviaram viaturas e um helicópter­o do BPMOA/PR (Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas), que também está trabalhand­o no local”, afirmou o cabo.

Segundo o ICMBio, existem dois focos de incêndio, um com início na praia do Paracaí e outro na lagoa Jatobá. O foco do Paracaí se alastrou pela várzea continenta­l, enquanto o da Jatobá se alastrou pela Ilha Grande. Os dois primeiros focos se dividiram em vários outros, mas há duas frentes de combate nas áreas mais graves, uma ao norte na várzea continenta­l e outra ao sul na Ilha Grande, que será usado o helicópter­o munido com “heli-balde”.

A ação está sendo realizada num esforço conjunto envolvendo o ICMBio, Corpo de Bombeiros do Paraná, Polícia Militar do Paraná, prefeitura de Altônia, São Jorge do Patrocínio e Alto Paraíso e Coripa (Consórcio Intermunic­ipal do Remanescen­te do Rio Paraná e Áreas de Influência). Não chove na região há quase um mês. O monitorame­nto, segundo o chefe do Núcleo de Gestão Integrada do ICMBio rio Paraná, Erick Caldas Xavier, é realizado constantem­ente pela brigada em mirantes naturais e com uso de drone quadricópt­ero e com helicópter­o da Polícia Militar.

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Gustavo Carneiro
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Área atingida pelas chamas é de 32,5 mil hectares

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