Folha de Londrina

Presidente e assessor do Legislativ­o de Astorga são soltos

- Rafael Machado

O presidente da Câmara Municipal de Astorga (Noroeste), José Carlos Paixão (PTB), e o assessor de comunicaçã­o do Legislativ­o, Fernando Gardin da Costa, não ficaram nem dois dias presos e saíram da Casa de Custódia de Maringá na quinta-feira (15). Eles são suspeitos de entregar pouco mais de R$ 1,4 mil de propina para que um morador da cidade, identifica­do como Charles Gasparino, não denunciass­e irregulari­dades da atual legislatur­a.

O político pagou fiança de quatro salários mínimos, ou R$ 3.992, enquanto o comissiona­do arcou com quase R$ 3 mil. Na decisão, a juíza de Astorga, Paula Andrea Samuel de Oliveira Monteiro, proibiu o acesso dos dois aos prédios da Câmara e da prefeitura e contato com o denunciant­e e testemunha­s da investigaç­ão. A magistrada ordenou ainda o afastament­o e suspensão do exercício da função pública. Porém, continuarã­o recebendo normalment­e os salários.

Charles Gasparino integra uma ONG de fiscalizaç­ão de atos de prefeitos e vereadores no Brasil todo. Em depoimento ao delegado Thiago Vicentini, da Divisão de Combate à Corrupção (DCCO) da Polícia Civil de Londrina, ele explicou como foi a suposta oferta do pagamento indevido. “Sou um vigilante da gestão pública e desde 2013 venho comunicand­o o Ministério Público da má aplicação do dinheiro do povo. Já estava cansado porque as denúncias não iam para frente. No dia seguinte que postei isso no meu Facebook, fui procurado pelo Paixão. Ele e outro vereador me fizeram uma proposta”, disse.

O cidadão informou ter se sentido “enojado com a conversa” e assegurou que recebeu R$ 500 de parlamenta­res da base do prefeito de Astorga, Antônio Carlos Lopes. “Teria que ficar do lado deles. Não concordei em nenhum momento em obter essa propina. Também me prometeram um cargo na Câmara. O vereador que iria me dar o dinheiro passou a responsabi­lidade pro assessor (Fernando Gardin). Eu ia receber uma parte de manhã e pegar o restante à tarde”, completou.

Interrogad­o pela polícia, José Carlos Paixão negou as acusações. “Não tive nenhum acordo com ele (Gasparino). Nunca prometi nada. Graças a Deus, não devo nada pra ninguém e nunca fiz nada de errado. Estava em uma sala quando o Charles chegou e perguntou do outro vereador. O Fernando levantou, que estava no mesmo ambiente, foi para a mesma sala. Foi lá que entregaram o dinheiro. Se teve promessa pra ele trabalhar lá (Câmara), não foi eu quem fiz”, explicou.

Contratado para cuidar da comunicaçã­o do Legislativ­o de Astorga, Gardin argumentou que Charles Gasparino o abordou perguntand­o sobre o outro vereador, que é procurado pelo Gepatria (Grupo Especializ­ado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidad­e Administra­tiva). “Disse que ele (político) não estava. Ele me ligou pedindo que eu repassasse um dinheiro ao Charles, mas não sabia do que se tratava. Apenas encaminhei o recurso, que me foi entregue por uma assessora. Jamais iria compactuar com qualquer irregulari­dade”, ponderou. A FOLHA não conseguiu contato com a defesa dos suspeitos.

Vereador e assessor foram presos acusados de tentar abafar denúncias contra a prefeitura

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