Folha de Londrina

Primeira geleira islandesa declarada morta terá ‘funeral’

- Matheus Moreira

São Paulo - A China fez uma exibição de seu poder militar nesta quinta-feira (15) em Shenzhen, cidade próxima da fronteira com Hong Kong, em meio à escalada da crise pelas manifestaç­ões contra o governo na região semiautôno­ma. Centenas de agentes da PAP (Polícia Armada do Povo) realizaram exercícios em um estádio em Shenzhen. Do lado de fora, ficaram estacionad­os dezenas de caminhões e blindados.

Após dois meses de protestos em Hong Kong a favor da democracia, Pequim deu a entender nos últimos dias que poderá empregar a força para restabelec­er a ordem na ex-colônia britânica. Há previsão de novos protestos no fim de semana.

O embaixador chinês em Londres, Liu Xiaoming, afirmou que “se a situação continuar piorando, e os distúrbios se tornarem incontrolá­veis para o governo de Hong Kong, o governo central não ficará de braços cruzados”. O diplomata alertou que Pequim tem “recursos e poder suficiente­s para reprimir os distúrbios rapidament­e”.

“Insisto em que Hong Kong faz parte da China. Nenhum país estrangeir­o deve interferir (...) Pedimos às potências estrangeir­as que respeitem a soberania chinesa”, completou o embaixador.

O presidente americano, Donald Trump, afirmou nesta quinta (15) que uma reunião entre o líder chinês, Xi Jinping, e ativistas pró-democracia em Hong Kong poderia levar a um final feliz para a situação após meses de protestos. “Se o presidente Xi se reunisse diretament­e e pessoalmen­te com os manifestan­tes, haveria um final feliz e promissor para o problema de Hong Kong. Não tenho dúvidas!”, tuitou Trump.

Já o assessor de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, advertiu a China para não criar uma “nova Tiananmen”, em alusão à violenta repressão de manifestan­tes em uma praça de Pequim há 30 anos. “Os chineses têm que olhar com muito cuidado os passos que tomam porque as pessoas nos Estados Unidos lembram da praça Tiananmen, lembram da imagem do homem parado em frente à fila de tanques”, disse Bolton em entrevista à VOA News.

Trump pareceu vincular um eventual acordo comercial com Pequim a uma resolução “humana” do conflito em Hong Kong. “Milhões de empregos estão sendo perdidos na China para países sem tarifas. Milhares de empresas estão indo embora. Com certeza, a China quer alcançar um acordo. Deixem que trabalhem humanament­e com Hong Kong primeiro!”, escreveu o presidente no Twitter.

Nos Estados Unidos, as críticas aumentam contra Trump por sua aparente indulgênci­a a respeito de Pequim, com quem Washington está envolvido em importante­s e árduas negociaçõe­s comerciais.

Na quarta-feira (14), um porta-voz do Departamen­to de Estado citou a preocupaçã­o com a “erosão contínua” da autonomia de Hong Kong e manifestou apoio firme aos direitos de liberdade de expressão e de reunião pacífica na ex-colônia britânica.

ESCALADA DE VIOLÊNCIA

Na terça-feira (13), os manifestan­tes agrediram dois cidadãos da China continenta­l durante o grande protesto no aeroporto da cidade, que suspendeu os voos na segunda (12) e no dia seguinte. Os ativistas pediram desculpas pelos excessos. “Condenamos com veemência atos de categoria terrorista”, afirmou em um comunicado o portavoz do Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau do governo chinês, Xu Luying.

Com as acusações, Pequim assimilou as ações dos manifestan­tes pró-democracia ao “terrorismo” pela segunda vez durante a semana. O tom mais duro provoca o temor de uma repressão militar para sufocar o movimento iniciado há dez semanas.

A atual crise representa o maior desafio à autoridade da China sobre Hong Kong desde sua devolução pelo Reino Unido em 1997.

As manifestaç­ões, que levaram milhões de pessoas às ruas, começaram com a oposição a um projeto de lei que permitiria extradiçõe­s à China. O movimento se ampliou, porém, com uma pauta de defesa das liberdades democrátic­as e contra a influência de Pequim no território.

São Paulo - A geleira Okjökull, mais conhecida como Ok, está morta. O fim do icônico bloco de gelo no centro-oeste da Islândia foi confirmado em 2014, mas agora, cientistas e membros da Sociedade de Caminhada da Islândia, marcaram para o próximo dia 18 de agosto o “funeral” que transforma­rá o local em um memorial e, também, em alerta sobre a crise do clima.

Será instalada uma placa memorial no solo antes encoberto pelo gelo. Ok foi a primeira geleira do país a morrer. Estima-se que nos próximos 200 anos todas as outras geleiras islandesas - mais de 400 - tenham o mesmo destino.

A placa instalada contém uma mensagem para os humanos do futuro. “Com este monumento reconhecem­os que sabemos o que está acontecend­o e o que precisa ser feito. Só você [do futuro] saberá se o fizemos”.

“Ok é a primeira geleira da Islândia a perder seu status. Nos próximos 200 anos, todas as nossas geleiras devem ter o mesmo destino. Com este monumento reconhecem­os que sabemos o que está acontecend­o e o que precisa ser feito. Só você saberá se o fizemos”, diz a placa.

Em 1901, a geleira tinha cerca de 38 km². Em 1978, havia sobrado apenas 3 km². Hoje, há menos de 1 km². Apesar do funeral, a morte da geleira já era esperada há décadas. Em 2018, quatro anos após o fim de Ok - que ficava no topo de um vulcão -, dois pesquisado­res da Universida­de de Rice, no Texas, nos EUA, fizeram um filme sobre o declínio de Okjökull.

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