De moral renovado, Tite encara velhas questões na seleção
Convocação de Neymar e renovação da equipe são os principais dilemas do treinador
São Paulo - Mesmo com críticas, Tite cumpriu seu objetivo na Copa América ao conquistar seu primeiro título na seleção brasileira e recuperar parte do prestígio que exibia até a derrota na Copa do Mundo. Agora, volta a lidar com as questões que enfrentava antes de erguer a taça. Uma delas é o que fazer com Neymar. Outra é como renovar o time de olho no Mundial de 2022, no Catar, tarefa que se tornou mais complicada pela eficiência dos veteranos no caminho para o troféu sul-americano.
O treinador começará a mostrar nesta sexta-feira (16) qual é seu plano para a sequência da equipe nacional. A partir das 10h, ele vai convocar 23 atletas para os amistosos marcados para o mês que vem nos Estados Unidos contra a Colômbia, no dia 6, em Miami, e contra o Peru, no dia 10, em Los Angeles.
Sejam quais forem as escolhas, Tite terá de responder muitas perguntas sobre Neymar. Tem sido assim em quase todas as entrevistas do gaúcho. Na preparação para a Copa América, a indagação era sobre os atos de indisciplina do atleta no Paris Saint-Germain - que lhe custaram a faixa de capitão do time verde-amarelo. Isso ficou para trás no momento em que surgiu um problema maior: uma acusação de estupro contra o jogador.
O processo foi arquivado, mas o atacante de 27 anos continua envolvido em situações polêmicas. Ele vem treinando separadamente no PSG, já deixou claro o seu desejo de deixar o clube e não atua desde 5 de junho - data da lesão no tornozelo direito que lhe tirou a possibilidade de jogar a Copa América.
Por isso, a convocação de Neymar para os amistosos de setembro não é dada como certa, embora seja provável. Tite costuma tratar o camisa 10 com reverência e sempre o coloca entre os três maiores jogadores do mundo, embora ele não tenha sido incluído nem na lista dos dez melhores nos dois últimos anos.
Outro ponto importante é a renovação da equipe e sua formação no caminho para a Copa do Mundo de 2022. Tite foi questionado pela idade do grupo na Copa América - que, mantido até o Catar, chegaria ao Mundial com 30,7 anos de média e seria o mais velho do país em toda a história das Copas. Estava envelhecida sobretudo a defesa, com Daniel Alves, 36, Thiago Silva, 34, e Filipe Luís, 33, titulares.
A aposta do técnico funcionou na Copa América. A idosa e eficiente zaga brasileira foi vazada apenas uma vez em seis partidas na disputa sul-americana. E Daniel Alves foi eleito o melhor jogador do torneio. Desta forma, ficou ainda mais difícil abrir mão de alguns dos mais experientes.
Mesmo assim, a expectativa é que atletas mais jovens ganhem oportunidades neste momento do ciclo rumo ao Mundial de 2022. O lateral esquerdo Renan Lodi, 21, do Atlético de Madri, o volante Fabinho, 25, do Liverpool, e o atacante Vinicius Júnior, 19, do Real Madrid, são candidatos a oxigenar o grupo, que certamente terá novidades no gol e no ataque, pois Tite não contará com jogadores que fizeram parte da conquista.O goleiro Alisson, 26, está machucado. Ederson, 25, e Cássio, 32, têm boas chances de voltar. Weverton, 31, do Palmeiras, é o favorito a ficar com a vaga restante. Na frente, não estará à disposição Gabriel Jesus, 22, suspenso dos jogos da seleção por dois meses pelo chilique após a expulsão na final da Copa América. Everton, 23, deve ficar de fora, já que Tite deverá excluir da lista atletas de Grêmio, Athletico-PR, Internacional e Cruzeiro, semifinalistas da Copa do Brasil.