QUADRA SEM LEI, NÃO!
Enquanto as pessoas do grupo chegavam, Juliana Melo Altimari, 37, contava como foi que ela encontrou seu jeito de jogar vôlei sem ao menos conhecer pessoas na cidade para qual se mudou. As luzes da quadra ainda estavam apagadas quando ela falava sobre as regras do grupo e, conforme os jogadores apareciam, a quadra tomava forma: mastro, rede, bola, gente, aquecimento.
São 18 pessoas que participam
Para o grupo de vôlei funcionar, existem regras para cumprir. A maioria delas foi colocada por Edson Sato, 49, um dos integrantes mais antigos da turma, que se propôs, espontaneamente, a coordenar as equipes. Lista de participantes, horários de funcionamento, valores a serem pagos, tudo é bem administrado para que a brincadeira funcione e seja saudável.
“Nosso horário é restrito, pegamos a quadra por uma hora e meia, por isso limitamos a lista para 18 pessoas, formando três equipes”, explica Sato. Como o número de interessados é maior, eles criaram do vôlei de quinta-feira à noite, na AEE (Associação dos Empregados da Embrapa), zona sul da cidade. Nas três equipes formadas ali, na hora, homens e mulheres, baixinhos e altos, adultos jovens e experientes se misturam para equilibrar o jogo. “Todos os grupos em que eu participo são mistos, na hora vai formando, não tem par ou ímpar ou escolha de time, a gente mesmo que equilibra. O interessante é dar um grupo no Whatsapp e publicam lista de inscrição em dia e hora marcados para cada partida. “Abrimos das 12h às 18h. Se até nesse horário não completar o time, pode convidar pessoas externas do grupo, porém, a pessoa deve se responsabilizar pelo convidado”, afirma.
Os participantes não se incomodam, compreendem que é preciso seguir orientações para que o jogo flua sem desentendimentos. “É muito importante ter um líder, se não tiver alguém que se comprometa é muito difícil”, afirma Juliana Melo Altimari, 37, uma das integrantes. Os convidados também obedecem as regras do jogo, que consistem no respeito e espírito esportivo.
Isso, inclusive, no sistema de distribuição. Os times são formados na hora da partida, sem escolhas, visando equilíbrio. A partida vai até os 21 pontos, em vez dos oficiais 25, para que todas as equipes tenham tempo de jogar duas partidas. “Os dois primeiros jogam enquanto jogo”, conta a professora.
Ao todo, Altimari participa de três grupos espalhados por quadras diferentes, além dos treinos das terças e quintasfeiras. Como uma pessoa que veio da capital paulista conseguiu encontrar pessoas para formar grupos em Londrina é o que gera curiosidade. “Coincidiu que meu filho jogava futebol aqui e eu via o pessoal jogando vôlei e perguntei como funcionava, aí fui tentando entrar até um espera. O primeiro que perder, sai para o outro entrar. Na outra partida, sai a primeira equipe, independente se venceu ou não. Todo mundo tem que jogar duas vezes”, menciona Sato.
Cada jogador também contribui que um dia eu consegui”, recorda. Já são quatro anos de jogo.
Mas a história do grupo mesmo ninguém sabe ao certo. Edson Sato, 49, um dos mais antigos integrantes, recorda que quando ele começou, em 2014, existiam muitos associados como ele, mas que aos poucos foram desistindo. “Então eu passei a convidar gente de fora (a associação permite), mas ficou muito desorganizado. Para colocar com uma quantia para o aluguel da quadra e outros equipamentos. “Hoje nós temos quatro bolas, uma rede nova e também já repus algumas lâmpadas novas aqui. A gente faz uma caixinha, quando sobra algum valor, a gente ordem, sem querer, eu passei a colocar regra e começou a funcionar”, lembra. Até hoje ele é responsável por organizar os grupos via Whatsapp e também lida com as finanças, que conta com uma pequena quantia de cada membro para custear aluguel de quadra e compra de equipamentos, como bola e rede.
Para a professora, as regras evitam desconfortos e mantêm o grupo coeso, preservando valores que se iniciam antes das partidas. “É preciso ter compromisso e respeito, tanto dentro, quanto fora de quadra”, conta, referindo-se ao sucesso do grupo. “É um esporte recreativo, não é competição, não é treinamento, então todo mundo quer aproveitar ao máximo. Por isso você vai vendo que os grupos têm níveis diferentes, existem grupos de vôlei que são para iniciantes e outros de gente que está mais avançada, você vai se adaptando onde é mais interessante”, revela.
Encontrar grupos de acordo com seu nível parece difícil, mas Altimari indica pesquisar em redes sociais ou buscar as equipes nas quadras da cidade e fazer como ela diz: “meter o carão e perguntar, como eu fiz”, brinca. Para ela, participar de atividades físicas coletivas faz toda diferença. “Você desenvolve inteligência interpessoal, porque te ajuda a conviver em grupo e eu gosto de
Nosso horário é restrito, pegamos a quadra por uma hora e meia, por isso limitamos a lista para 18 pessoas, formando três equipes”
Todos os grupos em que eu participo são mistos, a gente mesmo que equilibra. O interessante é dar jogo”
Você desenvolve inteligência interpessoal, porque te ajuda a conviver em grupo e eu gosto de conviver com pessoas”
combina um churrasco”, comenta Sato.
Para Altimari, essa é uma forma que funciona muito bem e que se repete em outros grupos dos quais participa. Alguns alteram em alguns pontos, inclusive na contribuição, pois os valores conviver com pessoas”, afirma.
O grupo foi fundamental para ela que veio de outra cidade conhecendo pouca gente. “Minha família é de fora, eu ficaria sozinha aqui, mas assim fiz amizades fora do ambiente de trabalho. Londrina é uma cidade universitária, sempre têm estudantes jogando aqui com a gente, é importante. Nas cidades onde eu morei, o esporte me ajudou muito a ter contato com outras pessoas”, defende. Na saúde física e mental, os grupos espontâneos agregam também a saúde social. de aluguel de quadra são variados, mas essa ainda é uma sugestão mais em conta para quem quer se exercitar, se divertir, e não tem condições de pagar mensalidade de uma academia ou por treinos de modalidades esportivas.