Folha de Londrina

AO MESTRE COM CARINHO -

No Dia do Professor, a FOLHA traz dois exemplos, entre milhões de educadores, que inspiram e contagiam os alunos e mantêm o brilho nos olhos por terem escolhido esta profissão

- Micaela Orikasa (Confira mais histórias ou conte sua lembrança com o professor no perfil da Folha de Londrina nas redes sociais @folhadelon­drina )

No Dia do Professor, a FOLHA traz exemplos de educadores que mantêm o brilho nos olhos e a paixão pela profissão, verdadeira­s fontes de inspiração para os alunos. “Não tenho um belo apartament­o ou carro novo, mas isso não importa. Sou feliz”, conta Silvia Renata dos Santos

O Dia do Professor é celebrado nesta terça-feira, 15 de outubro. Em todo o território brasileiro são mais de 2,5 milhões de profission­ais que entram em salas de aula quase que diariament­e para ensinar crianças, jovens e adultos. Atuação que vai além do giz que risca o quadro, pois ser professor no Brasil hoje é quase que um “malabarism­o” para driblar as adversidad­es e superar dificuldad­es. O desgaste diário pode existir como em qualquer outra profissão, mas não é qualquer profission­al que no dia a dia abre os braços para confortar carências e acolhe “segredos” com os ouvidos.

São os professore­s que dão luz para o futuro, apesar de todas as pedras no caminho. “Eu não tenho um belo apartament­o, um carro novo, mas isso não importa. Eu sou feliz. É a minha escolha e por eu ter isso muito claro dentro de mim consigo contagiar meus alunos. Um bom professor é aquele que inspira e contagia os alunos porque a aprendizag­em vem com o prazer”, comenta a professora Silvia Renata dos Santos, 45.

O entusiasmo para comandar uma turma de 20 alunos entre cinco e seis anos na Escola Municipal Miguel Bespalhok, zona leste de Londrina, tem como inspiração a própria experiênci­a de quando era aluna e tinha ótimos professore­s à sua frente. Tem também o retorno diário ao ver os alunos aprendendo e o reconhecim­ento de ex-alunos.

“Recentemen­te, fui buscar atendiment­o no Hospital Evangélico e quem me atendeu foi um ex-aluno que está fazendo residência em medicina. Ele lembrou de mim e eu chorei de emoção porque foi um dia mágico”, comentou.

Santos trabalhou muito tempo no ensino privado e está há cerca de cinco anos na rede municipal. Ela lembra de quando surgiu a vontade de trabalhar com educação. “Eu parava para observar do portão as crianças brincando no pátio de uma escolinha. Era quase que um exercício diário no caminho de casa para o colégio (Vicente Rijo). Tempos depois, lá estava eu, atuando nessa escolinha como estagiária, com 15 anos de idade. Minha paixão por ensinar foi aflorando e já se passaram 30 anos”, diz.

EJA

Santos é uma entre os cinco mil professore­s da rede municipal de educação. Ela e o professor Carlos Roberto de Oliveira, 44, não se cruzam pelo caminho, mas ambos encaram a sala de aula como um grande encontro de vivências. Oliveira é professor há 24 anos em Londrina na EJA (Educação de Jovens e Adultos).

Atuar nessa modalidade de ensino para ele, é vivenciar uma grande troca de experiênci­as. “São alunos que em algum momento de suas vidas tiveram que deixar alguns sonhos de lado. A maioria (dos alunos) chega à sala de aula com uma autoestima muito baixa, cheio de ansiedade e frustraçõe­s”, comenta.

Porém, Oliveira destaca que tudo isso vale a pena quando ele percebe a transforma­ção que está provocando em casa aluno. “Tem situações que me faz acreditar ainda mais no meu papel de educador. Uma aluna de 68 anos veio me mostrar a nova identidade. Foi a primeira coisa que ela fez ao aprender a escrever o nome porque ela tinha vergonha de assinar com o dedão. Outra senhora estava toda feliz porque não precisava mais perguntar para alguém sobre determinad­a linha do ônibus, pois ela aprendeu a ler. Ser professor hoje é estar comprometi­do com a transforma­ção. É acreditar que todos têm direito à educação”, ressalta.

Santos e Oliveira são apenas dois exemplos entre milhões de educadores que buscam criativida­de no dia a dia para manter os alunos interessad­os e mantêm o brilho nos olhos por terem escolhido esta profissão. Eles sabem que são responsáve­is por “desenhar” um caminho para o futuro de milhares de crianças, jovens e adultos, e esperam, com o mesmo desejo que têm de ensinar, que o respeito e o reconhecim­ento nunca fiquem do lado de fora da escola.

“O cuidado conosco começa com uma atitude de respeito de nossos governante­s, pois não há um governante que chegou onde chegou sem ter passado pelas mãos de um professor. Ser professor vai muito além do ler e escrever. Criamos um vínculo que transcende a relação professor e estudante e isso só é possível quando temos respeito em sala de aula”, diz Oliveira.

“Criamos um vínculo que transcende a relação professor e estudante e isso só é possível quando temos respeito”

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Ricardo Chicarelli Silvia Renata dos Santos: “Eu não tenho um belo apartament­o, um carro novo, mas isso não importa. Eu sou feliz. É a minha escolha e por eu ter isso muito claro dentro de mim consigo contagiar meus alunos”
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Gustavo Carneiro “Ser professor hoje é estar comprometi­do com a transforma­ção. É acreditar que todos têm direito à educação”, ressalta Carlos Roberto de Oliveira

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