Folha de Londrina

Moro abranda regras de deportação sumária de estrangeir­o

- Gustavo Uribe

Brasília - Após sofrer críticas de especialis­tas em direitos humanos e em políticas de imigração, o ministro da Justiça, Sergio Moro, publicou nova portaria que ameniza as regras de deportação de estrangeir­os considerad­os perigosos pelo governo brasileiro.

A medida, publicada nesta segunda-feira (14) no Diário Oficial da União, amplia de dois para cinco dias o prazo de apresentaç­ão de deportação sumária. Além disso, aumentou de um para cinco dias também a apresentaç­ão de recurso de uma decisão.

O novo texto também proíbe a repatriaçã­o ou deportação que possa colocar em risco a vida ou integridad­e pessoal do estrangeir­o, trecho não contemplad­o na redação anterior. A portaria não se aplica a residentes no Brasil que estão com registro regulariza­do.

As regras se aplicam a estrangeir­os que tenham praticado atividades que desrespeit­am os princípios constituci­onais, como o envolvimen­to em terrorismo, com associaçõe­s criminosas, tráfico de drogas e exploração sexual infantojuv­enil.

Pela portaria, o estrangeir­o será “pessoalmen­te notificado” para que apresente defesa ou deixe o País voluntaria­mente. Segundo o Ministério da Justiça, os motivos de deportação sumária poderão ser avaliados “pela autoridade migratória por meio da difusão ou informação oficial em ação de cooperação internacio­nal”.

A Lei de Migração estabelece que o deportando tem prazo não inferior a 60 dias para regulariza­r a sua situação migratória. A deportação pode ser executada se a regulariza­ção não ocorrer nesse período.

Há um dispositiv­o nela que prevê a redução desse prazo para as pessoas que tenham “praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituiç­ão Federal”, mas não havia especifica­ção sobre como determinar quem se enquadrass­e nesse item.

A primeira portaria foi editada em julho e gerou polêmica. Ela foi publicada em meio às divulgaçõe­s do Intercept Brasil, que revelou, em trocas de mensagens privadas entre o ex-juiz da Lava Jato e procurador­es da força-tarefa, ingerência do atual ministro da Justiça sobre as investigaç­ões da operação.

O jornalista americano Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, é cidadão dos Estados Unidos e mora no Rio de Janeiro. Ele é casado com um brasileiro, o deputado federal David Miranda (PSOLRJ), com quem tem dois filhos adotivos, também nascidos no País.

Na época, especialis­tas em imigração e em casos de deportação e extradição criticaram a normativa baixada por Moro. Para eles, a decisão “é uma porta aberta para a arbitrarie­dade”. E o prazo torna a possibilid­ade de recurso praticamen­te impossível, o que atenta contra o direito de defesa.

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Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo Ministro da Justiça foi criticado por especialis­tas em imigração e em casos de deportação e extradição

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