Saúde: uma conquista brasileira
Durante décadas, famílias e pacientes com doenças graves viveram a angústia de saberem que há males considerados sem cura, de cura difícil ou quase milagrosa. Na lista, o câncer aparece como uma das doenças que mais matam em todo mundo, mas doenças degenerativas como Mal de Parkinson e o Mal de Alzheimer sempre colocaram pacientes e familiares em estado de desesperança ou tristeza profunda.
No entanto, desde que as pesquisas sobre o genoma humano começaram a ser desenvolvidas, em 1990, periodicamente recebemos notícias que vão aliviando o peso de quem convive com doenças graves, aquelas capazes de desestruturar famílias inteiras desde o momento em que recebem o diagnóstico, passando depois por etapas de tratamentos complexos e sofridos, nem sempre com final feliz.
No início desta semana, uma notícia trouxe o alento que milhares de pessoas aguardam há tanto tempo. Uma pesquisa da USP (Universidade de São Paulo) e da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), foi divulgada como um dos mais recentes recursos para tratar com sucesso casos de câncer terminal. Um paciente de 64 anos que apresentava linfoma e era obrigado a tomar morfina todos os dias para aliviar a dor, foi submetido a um tratamento com método 100% brasileiro para aplicar a técnica norte-americana chamada CART-CELL que pode custar cerca de US$ 475 mil, mas que no Brasil, já cogitam os médicos, poderá vir a ser oferecida pelo SUS.
O paciente Vamberto Luiz de Castro, de Minas Gerais, foi o primeiro a receber este tratamento inédito na América Latina. No início de setembro, seu corpo estava tomado por tumores, mas com algumas semanas de tratamento a maioria deles já havia regredido. Os médicos alertam que ainda não é possível falar em cura, isso depende de como o paciente vai reagir nos próximos cinco anos, quando o diagnóstico final será dado após acompanhamento.
A CART-CELL é uma terapia já utilizada nos Estados Unidos, Europa, China e Japão, consiste numa manipulação de células do sistema imunológico que passam a combater as células causadoras do câncer. O fato de a pesquisa ser desenvolvida pela USP-Fapesp, com recursos públicos, mostra a importância das universidades e fundações de pesquisa no desenvolvimento e aplicação de tratamentos que, espera-se, em futuro próximo, possam ser usados também em pacientes do serviço público de saúde, com acesso estendido aos que não podem pagar uma fortuna.
Outra boa notícia mostra que um tratamento desenvolvido por pesquisadores canadenses mostrou-se capaz de devolver movimentos a pessoas que sofrem do Mal de Parkinson. Pessoas que mal podiam sair de casa, agora já podem caminhar, graças à estimulação elétrica da espinha dorsal. Da mesma forma, doenças psiquiátricas de cura hoje considerada difícil ou mesmo impossível, como a esquizofrenia, tendem a ser controladas de forma cada vez mais eficiente através de novas drogas e tratamentos.
Que as pessoas afetadas por tantos males possam desde já ou em futuro muito próximo, celebrar a saúde, de todos, o maior bem da vida.
A FOLHA deseja este tipo de esperança aos seus leitores. Obrigado pela preferência!