Dia Mundial da Vacinação: é preciso imunizar contra fake news
Numa época em que as fake news atingem em cheio os programas de vacinação, é sempre bom relembrar a importância da prevenção no combate de doenças como a gripe, o sarampo, a meningite e tantas outras. As vacinas são responsáveis pela erradicação de muitos vírus ou pela diminuição de casos de algumas doenças. Por isso, é preciso estar atento ao calendário vacinal, deixando-o atualizado: o sistema público de saúde brasileiro oferece ao menos 15 vacinas gratuitas, que devem ser tomadas nos primeiros 10 anos de vida.
Mas, há motivos para comemorar o Dia Nacional da Vacinação, instituído pelo Ministério da Saúde no dia 17 de outubro para conscientizar as pessoas sobre a importância da imunização? Talvez hoje precisemos nos preocupar, mais do que celebrar. Veja: algumas doenças já foram erradicadas no país graças ao programa de vacinação, entre elas a poliomielite e a varíola. O vírus autóctone do sarampo também estava fora de circulação desde 2000. Até que, há dois ou três anos, começaram a surgir notícias falsas sobre a gravidade das reações provocadas pela vacina. E os casos de sarampo voltaram a aparecer no País.
Só para se ter uma ideia, em 2017 foram registradas 895 contaminações pelo sarampo, enquanto em 2018, 1.115 pessoas se infectaram. Em 2019? Somente até 18 setembro havia 4.476 casos confirmados da doença. Percebe o quanto uma notícia falsa pode impactar a nossa realidade? O problema é que esse tipo de boato coloca em risco um trabalho de décadas e, em consequência, a vida das pessoas.
A primeira vacina foi criada em 1796 por Edward Jenner, que inoculou secreção da forma bovina da varíola num garoto que havia contraído a doença. Em seguida, fez o mesmo processo, mas com vírus humano. O resultado? O garoto não desenvolveu nada, pois estava imune. O fato passou à história como a primeira vacina criada no mundo. No Brasil, ela chegou em 1804, trazida pelo Marquês de Barbacena.
Hoje sabemos que as vacinas nos ajudam a produzir anticorpos contra as doenças, sejam elas causadas por vírus ou por bactérias. A produção delas se dá a partir de organismos causadores de doenças, mortos ou enfraquecidos. Imunizados, somos capazes de produzir células de defesa de forma rápida. É, essencialmente, um processo de prevenção. Por isso as vacinas são aplicadas antes de qualquer manifestação da doença. E é claro que podem ocorrer reações leves após a aplicação, o que não deve ser motivo para não se imunizar. As vantagens são muito maiores.
Agora, portanto, temos outro grande desafio: combater as fakes news, uma doença social que se espalha pelas células de forma viral, atingindo as famílias de forma brutal e, de vez em quando, fatal. De que forma nos imunizar contra essa realidade? A resposta está na conscientização. Celebrar dias como esse é importante para não deixarmos as pessoas se esquecerem de que não tomar a vacina faz falta. E que é necessário unir esforços: governo, sociedade civil, instituições públicas e privadas de saúde devem sempre manter vivas as campanhas de vacinação.
Celebrar dias como esse é importante para não deixarmos as pessoas se esquecerem de que não tomar a vacina faz falta”
médica especialista em saúde da família e pós-graduada em dermatologia