Curso de arquitetura e urbanismo da UEL completa 40 anos
Curso de arquitetura e urbanismo da UEL completa 40 anos integrando ensino, pesquisa e extensão ao desenvolvimento de Londrina
A década de 1980 foi a primeira a registrar queda na taxa de população rural de Londrina, enquanto a urbana crescia 63%, somando 300 mil habitantes no total. Nesse período, o curso de arquitetura e urbanismo da UEL (Universidade Estadual de Londrina) já estava formado para dar assistência ao novo modelo de cidade que Londrina viria a ser, repleta de arranha-céus, verticalizada, grandes avenidas e movimento. Em 40 anos, o curso demonstra aproximação com a história da cidade e como a formação de bons profissionais podem trazer resultados que atravessam fronteiras.
A proposta apresentada por Edgar Graeff era inovadora e tinha sido testada pela PUC (Pontifícia Universidade Católica), de Goiânia-GO. Inovadora, mas exigia estrutura, coragem e transformações. “Lá era um sistema seriado, nós aqui éramos em créditos e os departamentos ficavam distantes. Lembro de conversar, propor disciplinas integradas, onde dentro da sala de aula tivesse arquiteto, engenheiro, artista plástico... Isso significava uma dificuldade operacional, até por conta da carga horária, conteúdos programados em conjunto, então houve essa resistência”, recorda Nelson Schietti de Giácomo, que participou da comissão de implantação do curso instituída pelo reitor em 1978.
Outra questão envolvia a discussão, o momento político. “Lembro que fomos em um grupo de seis arquitetos a Goiânia para conhecer o modelo e foi exatamente na mudança de governo. Era o Geisel, entrou o Figueiredo, então a universidade estava resistente a muita conversa, a própria reitoria também não enxergava e não queria grandes mudanças”, relembra.
NORTE DO PARANÁ
Com a adaptação, o curso foi implantado em 1979 atrelado ao de engenharia civil, que só tinha seis anos, até ser criado o CTU (Centro de Tecnologia e Urbanismo), aproximadamente cinco anos depois, instituindo um departamento exclusivo à nova área. “Teve um movimento muito grande da sociedade de fora, porque as pessoas queriam um curso de arquitetura. Era o terceiro curso do Paraná, só tinha a UFPR (Universidade Federal do Paraná) e a PUC”, acrescenta Antônio Carlos Zani, professor no curso desde 1982.
“Nosso compromisso é regional, se pegar a fundação da nossa universidade, vai coincidir com as transformações que ocorrem entre 1975 e 1980”, ressalta o professor Fausto Lima. Ele recorda um dos projetos em que se discutia a ligação entre Londrina e Maringá. “A abordagem do problema urbano de 1984, a gente discutindo o Metronor (Metrópole Linear Norte do Paraná), que era um projeto pioneiro. A gente trabalhou os planos diretores em pequenas cidades aqui em volta para entender a complexidade que existe nas relações espaciais do Norte do Paraná”, explica.
Lima afirma que o curso teve impacto no desenvolvimento e espaço urbano da cidade, como a fundação do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), estudo do plano diretor de diversas cidades da região, reformas de museus, ONGs, creches e igrejas, discussão sobre projetos e obras públicas, como projeto de extensão que providenciava plantas gratuitamente para população baixa renda.
E também saíram em defesa de várias causas da cidade, como recorda o professor Zani. “Uma vez, uma empresa grande da cidade queria fazer um shopping onde é o aterro Lago Igapó. Se não fossem nossos alunos se manifestarem, ir lá brigar, talvez seria diferente”, comenta. “Quando falaram que iriam derrubar o Cadeião, saímos eu e o Marcos Barnabé (professor) daqui com um monte de aluno para lá e abraçamos, não deixamos derrubar.”
PARA FORA
Mas os efeitos não ficaram restritos no entorno. Vários alunos saíram da universidade para explorar o mundo com seus projetos que passam pelo Japão, Dubai e Alemanha. “O curso deu muitos frutos, você vai ver exalunos nossos professores, pesquisadores e profissionais em vários países e em universidades federais”, comenta Zani.
Alguns são famosos, como o arquiteto apresentador do programa Decora, no canal GNT, Maurício Arruda, entre vários outros que se destacam no Brasil e no mundo. “Trabalhando também com grandes arquitetos do mundo todo, como Norman Foster e na prefeitura de Nova York”, relembra o professor.
Nesses 40 anos, a UEL formou 2,4 mil arquitetos em 80 turmas. “Você começa a ver que todos esses profissionais que já saíram, por que conseguiram se fixar no mercado? Porque, na verdade, a universidade possibilitou isso, tinha bons professores que se relacionavam bem com os alunos. Então, o resultado que se vê nesses 40 anos é de que o curso formou bons docentes, bons profissionais e bons pesquisadores”, conclui Zani.
“O resultado é que o curso formou bons docentes, bons profissionais e bons pesquisadores”
HOMENAGEM
Em comemoração aos 40 anos, o departamento vai homenagear os professores pioneiros do curso e promover palestra com o arquiteto e professor da USP, Álvaro Puntoni. O evento será realizado no dia 18 de outubro, às 19h, no Anfiteatro do Cesa (Centro de Estudos Sociais Aplicados).