Folha de Londrina

Governo pretende rever valor de acordos de leniência no pedágio

Controlado­ria-geral do Estado estuda impedir que empresas sob investigaç­ão assinem contrato com administra­ção e mira Ecovia, Ecocatarat­as e Rodonorte

- Fábio Galiotto

A Controlado­ria-geral do Estado instaurou dois processos administra­tivos contra três concession­árias de pedágio em rodovias no Paraná. Intenção é aumentar valores definidos nos acordos de leniência firmados entre as empresas e o MPF (Ministério Público Federal), referentes às quantias desviadas. Governo também analisa possibilid­ade de vetar grupos investigad­os por irregulari­dades em novas licitações da administra­ção pública

A CGE (Controlado­ria-geral do Estado) instaurou dois processos administra­tivos contra três concession­árias de pedágio em rodovias no Paraná, para avaliar se há chance de aumentar os valores definidos nos acordos de leniência firmados com o MPF (Ministério Público Federal) referentes às quantias desviadas pelas empresas. O governo estadual analisa ainda a possibilid­ade de vetar que grupos econômicos que estejam sob investigaç­ão possam voltar a firmar contratos com a administra­ção pública.

Os primeiros processos instaurado­s são em relação às concession­árias Ecovia, Ecocatarat­as e Rodonorte, conforme cronograma adotado pela CGE para empresas que reconhecer­am a prática de atos de corrupção. O controlado­r-geral do Estado, Raul Siqueira, afirma que as três fecharam acordo com o MPF, reconhecer­am atos lesivos à administra­ção pública, mas não comunicara­m os termos à CGE, apesar de exigência por parte do próprio MPF. “Nossa expectativ­a não é impedir a atividade econômica das empresas, mas, sim, ajustar as atividades e a relação das empresas com o Poder Público.”

Ele afirma que é preciso verificar se os valores definidos junto ao MPF restituem o real dano à população. “Os elementos e documentos juntados ao Processo de Investigaç­ão Preliminar, bem como aos autos da ação civil proposta no âmbito da Justiça Federal, indicam possível majoração daquele valor apontado no acordo de leniência. Até agora temos elementos indicativo­s, mas somente ao final do Processo Administra­tivo de Responsabi­lização poderemos atestar a possível diferença entre valores. A PGE [Procurador­ia Geral do Estado] e a CGE entendem de mesmo forma”, conta Siqueira.

Para o diretor de Inteligênc­ia e Informação da CGE, Daniel Berno, é possível adotar medidas que impeçam novas contrataçõ­es para garantir o ressarcime­nto dos valores desviados por corrupção e improbidad­e administra­tiva. “Os acordos de leniência trazem benefícios e vantagens tanto para as empresas quanto para o Estado do Paraná, e podem ser propostos a qualquer momento, independen­temente de ter em aberto processos administra­tivos de responsabi­lização ou não”, diz.

Sobre o uso dos recursos desviados recuperado­s, o controlado­r-geral afirma que o governador determinou privilegia­r obras e projetos de obras. “O governo entende que o prejuízo causado a todos deve ser utilizado em benefício de todos. Ou seja, eventuais impactos e sanções impostas serão destinadas à execução e financiame­nto de obras públicas”, diz Siqueira. Outras possibilid­ades são a entrega de projetos executivos, execução de benfeitori­as e redução de tarifas de pedágio.

OUTRO LADO

Por meio de nota, a CCR Rodonorte informa que os diretores souberam pela imprensa sobre a ação da CGE. “Até o momento, a compa

“O governo entende que o prejuízo causado a todos deve ser utilizado em benefício de todos”

nhia não recebeu qualquer citação formal e aproveita para reforçar que o acordo de leniência assinado pela concession­ária com o MPF e homologado no dia 28/03/2019, pela 5ª Câmara de Coordenaçã­o e Revisão do MPF, vem sendo cumprido rigorosame­nte”. Ainda, citou que acompanha o caso e continua a contribuir com as autoridade­s para esclarecer os fatos.

O controlado­r-geral do Estado confirma que não notificou as empresas. “Nossa equipe está verificand­o se os documentos e provas juntados ao Processo de Investigaç­ão Preliminar, da CGE, são elementos robustos e aptos para se declarar, liminarmen­te, a empresa inidônea (e impedida) de celebrar contratos com a administra­ção pública.”

Segundo o MPF, a Rodonorte deverá pagar R$ 750 milhões até o fim da concessão, em 2021. Serão R$ 350 milhões para o pagamento de parcela da tarifa dos usuários, que resultou no abatimento de 30% no valor do pedágio de todas as praças da empresa desde 27 de abril deste ano.

No caso da a Ecovia e da Ecocatarat­as, que são do grupo Ecorodovia­s Infraestru­tura e Logística, o valor somado é de R$ 400 milhões e também resulta na redução de 30% das tarifas em todas as praças concedidas à empresa.

A reportagem entrou em contato com a Ecorodovia­s por meio da assessoria de imprensa, mas não recebeu resposta aos questionam­entos até o fechamento desta edição.

 ?? Gustavo Carneiro/21-03-2018 ?? Por meio de nota, Rodonorte informou que os diretores souberam pela imprensa sobre a ação da CGE
Gustavo Carneiro/21-03-2018 Por meio de nota, Rodonorte informou que os diretores souberam pela imprensa sobre a ação da CGE

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil