Folha de Londrina

Crise no PSL: uma guerra evitável

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Está muito enganado quem pensa que a crise que coloca em lados opostos o presidente Jair Bolsonaro e a cúpula do seu próprio partido, o PSL, não afeta o cidadão. As consequênc­ias da guerra entre os caciques de um dos maiores partidos do País devem fragilizar a base de apoio e também a articulaçã­o do Palácio do Planalto no Congresso Nacional. Preocupa a tramitação das pautas do governo na Câmara e no Senado – leia-se reformas estruturai­s.

O que muitos temiam acabou acontecend­o: A briga interna extrapolou as barreiras do PSL, apesar dos apelos de nomes fortes do governo para que as desavenças fossem colocadas de lado. Foi o caso do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, no último dia 12, que defendeu a unidade da direita para superar as divergênci­as.

O apelo foi feito durante a CPAC (Conferênci­a de Ação Política Conservado­ra), em São Paulo. Durante o discurso, Lorenzoni chegou a chorar duas vezes ao ressaltar que a direita tinha uma oportunida­de histórica de mudar o País.

Cinco dias depois, na quinta-feira (17), o campo conservado­r assistiu a um racha entre deputados alinhados a Bolsonaro e parlamenta­res aliados ao presidente nacional do PSL, Luciano Bivar. No centro da briga, o líder do partido na Câmara, Delegado Waldir, levou a melhor, impondo uma derrota ao grupo ligado ao presidente da República.

Sobrou para a deputada Joice Hasselmann, que perdeu a liderança do governo no Congresso e ganhou o desafeto da família Bolsonaro. E também a crise atingiu o campo conservado­r paranaense, com consequênc­ias para Filipe Barros e Felipe Francischi­ni.

Lembrando que está em jogo o fundo partidário do PSL, com a previsão de que o partido receba R$ 110 milhões de recursos públicos em 2019, a maior fatia entre todas as legendas.

É uma guerra declarada, com vazamentos de áudio, palavras de baixo calão, ameaças e retaliaçõe­s. Não é possível ainda dimensiona­r a gravidade do impacto da crise interna do PSL na articulaçã­o política entre o governo e o Congresso. Mas a percepção é de que o diálogo entre os dois poderes terá que ser reconstruí­do. Voltamos, então, à estagnação. Justamente em um momento em que o País precisa acelerar para sair do marasmo econômico.

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