Em meio a crise, deputados do PSL na AL reforçam apoio a Bolsonaro
Parlamentares ouvidos pela FOLHA minimizam racha no partido e indicam tendência de seguir a ala do presidente
- Deputados estaduais do PSL minimizaram a crise deflagrada entre apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro (RJ), e do presidente nacional da sigla, Luciano Bivar (PE), cujas consequências foram a derrota dos bolsonaristas na tentativa de destituir Delegado Waldir (PSL-GO) da liderança do partido na Câmara e a suspensão das atividades partidárias de cinco deputados federais (leia nesta página). Segundo os parlamentares ouvidos pela FOLHA, desentendimentos são normais e a questão já estaria “assentada”.
O Paraná deu a Bolsonaro uma das maiores votações proporcionais do País em 2018. Foram 68,4% dos votos válidos.
O partido também elegeu a maior bancada da AL (Assembleia Legislativa): oito dos 54 membros. Ficou à frente do PSD, do governador Ratinho Junior, que possui sete representantes.
“O que houve no PSL não foi nada comprovado. Foram denúncias. Nada se provou. Acho que ele [Bolsonaro] errou em falar aquilo lá. Criou uma crise no partido. Mas ele declarou que não vai sair. Foi uma briga interna”, diz Ricardo Arruda.
O presidente teria falado para um apoiador “esquecer” o PSL e afirmado que Bivar estaria “queimado pra caramba”. O comandante da sigla e o ministro do Turismo, Alvaro Antônio (PSLMG), são investigados por suspeita de montar um esquema de candidaturas femininas “laranjas” na eleição do ano passado. Bolsonaro também teria articulado pessoalmente a indicação do filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para a liderança do partido na Câmara em detrimento a Delegado Waldir, no que foi derrotado pela ala “bivarista”.
“O partido está indo muito bem, é um dos maiores que tem no Brasil. Acho que uma divisão agora não seria viável. É uma crise que dá pra se resolver. E, se não der, não tem problema nenhum. O partido continua firme, o Bolsonaro toma o rumo dele e quem quiser acompanhar acompanha”, prossegue Arruda.
O parlamentar comenta que, independentemente do que acontecer, vai continuar sempre trabalhando da mesma forma, “defendendo o que é correto, o que é conservador”. “Sou a pessoa que mais defende o Bolsonaro no Paraná. Mas acho que a gente não tem que seguir pessoas; tem que seguir ideais”, completa.
DIVERGÊNCIAS ACENTUADAS
Para Emerson Bacil, não se trata de uma crise, e sim de um assentamento de ideias. “O partido cresceu com muita rapidez e são ideias divergentes que agora estão sendo acentuadas. O presidente tem posicionamento firme. Não deixa para depois e fala realmente o que sente e o que acha. Isso tanto a imprensa como o partido têm que entender. Temos de respeitá-lo como o maior líder do país”, opina.
Bacil lembra que não há confirmação de saída, embora outras legendas, como o Patriotas, já estejam “cortejando” o chefe do Executivo. “Ele mesmo diz que pode se comparar a uma briga entre marido e mulher e é dessa forma que estou levando. Creio que foi um desentendimento. Nós, como a maior bancada no Paraná, se ele tomar a decisão vamos nos reunir e decidir o que fazer”, conta.
De acordo com Coronel Lee, rumores de uma possível troca por parte de Bolsonaro existiam desde o ano passado. “Realmente estava estremecido. Tem muita coisa que tinha que arrumar. Agora chegou num limite e estamos esperando um posicionamento do presidente”, afirma. Ele também fala que, em caso de saída do presidente, a bancada no Paraná vai se reunir e dialogar”.
Ao contrário de Arruda, que pretende ficar no PSL, Lee dá a entender que acompanharia Bolsonaro. “Unanimidade não existe. Nós vamos ter de sentar para conversar a partir do momento que ele bater o martelo. A situação com o PSL estava muito complicada mesmo, a relação dele com o partido. Mas o que ele decidir a tendência é seguir”.
Dono da maior bancada na AL, PSL teve no PR uma das vitórias mais expressivas de Bolsonaro em 2018