ROSA É TODOS OS DIAS’
vou perder?’”, questionava-se. O que não durou muito, a comerciante passou a lidar com a doença como um processo que ela precisava enfrentar, tentando enxergar com outros olhos.
Embora, não sem dor. Recordar o dia em que raspou o cabelo ainda arranca lágrimas. “Na época eu não chorei, não falava para ninguém, mas eu sofri sim, porque isso mexe com a autoestima”, emociona-se. Enxergar beleza para além das consequências do tratamento passou a fazer parte do desafio.
Para driblar, Gimenes chegou a usar perucas, fez micropigmentação nas sobrancelhas, usou maquiagem e passou a assumir os cabelos curtos. O desenvolver do se redescobrir em meio ao conflito amadureceu os questionamentos sobre o belo. Ao chegar da mastectomia, sete meses depois, nada mais a abalou. “Eu terminei a cirurgia agradecendo pela minha saúde, pela saúde da minha filha, nunca se o seio estava bom ou não, se eu estava bonita ou não”, afirma.
Continuou usando apoio, colocou prótese de silicone, fez a reconstrução da auréola com micropigmentação e viveu o equilíbrio entre olhares da sociedade sobre seu corpo, o próprio olhar sobre si mesma e a autoaceitação. “Claro, eu aprendi a me maquiar e a minha autoestima melhorou mais ainda quando fiz a micropigmentação no seio, mas no fim disso tudo, o que a gente tira de lição é que o importante é estar viva. A doença mexe muito com o psicológico, não foi fácil, mas eu venci”, conta.
A ferramenta: amor-próprio, peça fundamental para que vivesse com um olhar mais ansioso pela vida e que julga tão necessária quanto o tratamento da saúde física. “Acho muito importante a questão do psicológico, é preciso estar bem com nós mesmas, é um assunto tão sério e tem gente que faz pouco”, defende. Mas esse processo começa muito antes, com o olhar atento e cuidadoso sobre o corpo e a mente. “A mulher tem que se tocar, tem que sentir no toque, porque Outubro Rosa é todos os dias”, salienta.