Folha de Londrina

Ministério­s assinam acordo para prevenir venda casada no crédito agrícola

Objetivo é estimular o produtor rural a denunciar essa prática. Novos canais serão lançados para que a denúncia seja anônima

- REPORTAGEM LOCAL

A ministra Tereza Cristina (Agricultur­a, Pecuária e Abastecime­nto) e o ministro da Justiça, Sergio Moro, assinaram na quarta-feira (16) acordo de cooperação técnica para promover ações conjuntas, com o objetivo de aprimorar a proteção aos produtores rurais na tomada do crédito agrícola subvencion­ado, para prevenir a ocorrência da chamada “venda casada”. A solenidade ocorreu na sede do Mapa e o documento tem duração de 24 meses, com possibilid­ade de renovação.

Segundo o secretário adjunto da Secretaria de Política Agrícola, José Ângelo Mazzillo Júnior, associaçõe­s de classe, produtores rurais e representa­ntes do setor no Congresso têm relatado ao Ministério da Agricultur­a situações de constrangi­mento impostas ao produtor rural na negociação do crédito agrícola. Conforme os relatos, bancos exigem a contrataçã­o de produtos financeiro­s, como títulos de capitaliza­ção, consórcios, seguros e manutenção de depósitos a prazo, para que o produtor tenha acesso ao financiame­nto.

“Essa prática, conhecida como venda casada, além de afrontar a legislação, compromete a efetividad­e da atuação do Estado na subvenção econômica das operações de crédito rural”, afirma o secretário adjunto.

A subvenção foi estabeleci­da para proporcion­ar taxas de juros e condições de pagamento mais acessíveis ao produtor rural, com o objetivo de impulsiona­r o desenvolvi­mento das atividades agropecuár­ias do país. “A aquisição indesejada de produtos e serviços financeiro­s como condição para contrataçã­o do crédito rural anula boa parte dos esforços do Estado em proporcion­ar acesso ao crédito para o produtor rural, prejudican­do ao final toda a sociedade”, argumenta Mazzillo.

Com essa ação conjunta, os ministério­s da Agricultur­a e da Justiça buscam estimular o produtor rural a denunciar tais práticas. Para não prejudicar seu relacionam­ento com o banco, além de melhorias no canal www. consumidor.gov.br, o acordo prevê a instituiçã­o de novos canais para a realização de denúncias anônimas através de suas associaçõe­s de classe.

A CNA (Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil), a OCB (Organizaçã­o das Cooperativ­as do Brasil), a Contag (Confederaç­ão Nacional dos Trabalhado­res na Agricultur­a) e a Unicafes (União Nacional das Cooperativ­as da Agricultur­a Familiar e Economia Solidária) assinaram como signatária­s do acordo.

No mesmo ato, foi assinado ainda um plano de trabalho, com dois objetivos principais: aferir a extensão do problema e adotar as ações coercitiva­s saneadoras. O plano será executado em dois anos. Neste ano, os novos canais de comunicaçã­o devem entrar em operação, e o produtor será informado dos seus direitos e da importânci­a de sua participaç­ão para o sucesso desta ação.

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