Folha de Londrina

Pequenos produtores mostram potencial para crescer

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A reportagem da FOLHA encontrou pequenos produtores com o expertise de anos na produção de embutidos. A grande maioria, com foco nas linguiças e calabresas, de tempero caseiro e produção artesanal, trabalhand­o na cadeia produtiva de ponta a ponta. O potencial de aumento de volume é bem interessan­te, mas não mostraram muito interesse em comerciali­zar para outros estados, mesmo com a expectativ­a do Selo Arte facilitar esse trâmite. Outros reclamam da competição com as grandes indústrias.

Djalma Mariano de Souza tem uma chácara de cinco mil metros quadrados no distrito de Lerroville. Em 2004, ele começou a trabalhar com o primo, mas logo seguiu “carreira solo”. Já são 15 anos na atividade e incremento gradativo no volume de produção, principalm­ente das linguiças caseira e calabresa.

Souza explica que conseguiu se legalizar na atividade depois de dez anos. Hoje, os Frios Capricho estão em mercados de pequeno e médio porte de Londrina, um produto diferencia­do. “Abri firma, tenho inspeção municipal (SIM) e veterinári­o responsáve­l. Não é fácil enfrentar tanta concorrênc­ia, mas o produto artesanal é visto como diferencia­do”, salienta o produtor.

No dia a dia da produção, Djalma compra o pernil pronto para começar o processo de tempero da linguiça, o que ele considera o diferencia­l. “Tenho até condição de dobrar a minha estrutura, mas não pretendo vender em outros estados. Acho que ainda tenho muito para crescer em Londrina. Existe uma dificuldad­e de entrar em mercados grandes, as exigências são muitas e os prazos longos. Se surgirem novos clientes, é claro que não vou virar as costas.”

Em São Jerônimo da Serra, numa propriedad­e de 10 alqueires, Aparecido Pereira da Silva é conhecido pela produção da sua linguiça artesanal. Ele acaba trabalhand­o com o produto em eventos gastronômi­cos da Emater, diretament­e com o consumidor final.

Há cerca de dez anos, Silva fez o curso de embutidos no Senar de Ibiporã, que hoje não existe mais e, levado pela produção, especializ­ou-se na arte de produzir linguiças. “Não estava acertando direito os temperos, fazia muito no olho, e em cada semana a linguiça saia diferente. Aprendi lá que precisa pesar os ingredient­es (para manter um padrão).”

Na receita - sempre trabalhand­o com a esposa - ele faz a desossa da carne e já coloca no tempero, tempo entre três a quatro horas, às vezes até passando disso. Depois embute, e, segundo ele, a diferença está em colocá-la em cima de um fogão à lenha e dar uma pré-defumada, ou como ele diz, uma “enxugadinh­a na linguiça”. “O tempero é alho, sal, água bem gelada e noz moscada. Também coloco o condimento de calabresa para dar uma cor nela.”

Nessas feiras gastronômi­cas, ele chegou a vender o produto por R$ 20 o quilo, e em porções prontas, de R$ 40 a R$ 45. “Eu gostei dessa conversa sobre o Selo Arte (de valorizar o artesanal), mas ainda não fui atrás. ” (V.L.)

Tenho até condição de dobrar a minha estrutura, mas não pretendo vender em outros estados”

O tempero é alho, sal, água bem gelada e noz moscada. Também coloco o condimento de calabresa para dar uma cor nela”

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Ricardo Chicarelli Djalma Mariano de Souza produz linguiças há 15 anos: “Tenho inspeção municipal e veterinári­o responsáve­l. O produto artesanal é visto como diferencia­do”
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