Tradição nos embutidos e expansão da produção
Numa banca de embutidos no Mercado Municipal Shangri-lá, uma família ultrapassa gerações na fabricação de uma variedade grande de produtos de qualidade, 100% carne suína. Uma história que já está na terceira geração e que culmina numa fábrica de grande porte, que deve ser inaugurada em Ibiporã nos próximos anos, com a expectativa de venda de embutidos para todo o País.
A Rico Alimentos é comandada pelo casal Dejair da Silva e Edna Heloisa Pereira Niza, além do irmão de Edna, Edmilson Pereira Niza, e a filha do casal, Mariana Niza da Silva. Dejair e Edmilson trabalham na produção com mais três funcionários, hoje alocada numa fábrica próxima ao Hospital Universitário (HU) em Londrina, enquanto Edna e Mariana ficam à frente da loja no Shangri-lá.
Mariana, que está se formando em tecnologia de alimentos no próximo ano, explica que a tradição da família com os embutidos começou com os avós por parte da mãe. “Eles começaram no fundo de quintal, produzindo linguiça e comercializando com conhecidos. Meu avô também trabalhou na Vila Siam por muito tempo. Ele acabou falecendo, mas a família continuou esse projeto, fomos expandindo aos poucos.”
Com cada vez mais clientes, há dez anos a família resolveu abrir uma loja própria no mercado. Os produtos são os mais variados, 100% suínos e sem nada de mistura, artesanais e com poucos conservantes: salames, panceta, paleta suína, bacon de pernil, picanha suína defumada, guanciale, kit feijoada, a variedade é enorme. “Muitos restaurantes compram da gente.” Além disso, estão na feira do produtor com uma banca própria aos domingos em frente ao Museu Histórico. “Hoje a grande pedida é um embutido com procedência e a produção na região está crescendo por conta disso. Pessoal está deixando de comprar produtos industrializados e vindo mais para os artesanais, diferenciados, com carcaças selecionadas e bem padronizados.”
Atualmente, a Rico Alimentos só pode ser comercializada em Londrina, porque a inspeção é municipal (SIM). Mas a família tem um projeto audacioso em andamento: está construído uma fábrica de grande porte no parque industrial de Ibiporã. 60% da obra está sendo bancada com recursos da empresa e o restante conseguiu por meio de um financiamento pelo BRDE.
Com isso, Mariana explica que o patamar produtivo vai atingir outro nível, inclusive com a expectativa de conquistar o Serviço de Inspeção Federal (SIF) e comercializar os embutidos para todo o Brasil. “Obra já está 80% concluída. Estamos mudando a estrutura, serão mais funcionários, maior produção, novo rótulo, embalagens, mas não queremos perder a qualidade do artesanal. Já temos algumas pessoas que querem fazer parcerias para comercialização em outros estados.”
CONCORRÊNCIA No outro lado dessa moeda, empresários com expertise na produção de alimentos estão deixando de produzir embutidos na cidade. Caso de Júlio Strass, proprietário do restaurante Porco no Tacho, que há um ano e meio começou a trabalhar com esse tipo de produto, entre eles costela defumada, cracóvia, joelho de porco, calabresa, kit feijoada, entre outros. “A minha média de venda era em torno de cinco porcos por semana. É uma ramo muito gostoso, mas percebi que muita gente não quer qualidade, e sim preço baixo.”
Julinho explica que vai manter alguns produtos no mercado, mas não ligados aos suínos. “Vou manter o salmão e a tilápia defumada para alguns restaurantes, além da rabada de boi defumada, um prato do meu restaurante.”
Em relação ao Selo Arte, ele explica que uma das grandes dificuldades em aderir a esse tipo de trabalho é mão de obra. “Para expandir para outros estados, é preciso muita mão de obra. Como precisava me dedicar ao restaurante e também aos embutidos, percebi que estava indo para trás. Além disso, é muito difícil trabalhar com mercados grandes e em alguns açougues que deixei para venda percebi que meu produto ficava um pouco escanteado.”
Hoje a grande pedida é um embutido com procedência e a produção na região está crescendo por conta disso”