Folha de Londrina

FMI: sistema tributário é obstáculo para investimen­to no Brasil

- Marina Dias

Cwashingto­n - O FMI (Fundo Monetário Internacio­nal) afirmou nesta sexta-feira (18) que o sistema tributário é o principal obstáculo para investimen­tos no Brasil e que é preciso medidas concretas -que vão além da reforma da Previdênci­a- para que o país atinja um cresciment­o econômico no médio a longo prazo.

O diretor para Hemisfério Ocidental do Fundo, Aasim Husain, afirmou a jornalista­s que é preciso tornar o sistema tributário brasileiro mais eficiente e manter a inflação e os juros baixos para criar um ambiente mais favorável aos investidor­es. Segundo o economista, enquanto a inflação se mantiver “bem comportada”, há espaço para manter uma política monetária acomodatíc­ia, ou seja, de juros baixos.

“O sistema tributário no Brasil tem sido identifica­do como o principal impediment­o para investimen­to no país. A reforma tributária e tornar o sistema mais eficiente são áreas que poderiam ser significat­ivamente melhoradas.”

“Além disso, a liberaliza­ção comercial, o recente acordo entre União Europeia e Mercosul, assim como o plano de privatizaç­ões são outros elementos de reformas estruturai­s que vão contribuir para elevar a produtivid­ade do cresciment­o no médio a longo prazo”, completou.

Há alguns meses, os investidor­es nos Estados Unidos têm adiado suas apostas no Brasil pois afirmam que, apesar do discurso de que reformas estão avançando no Congresso, não há reflexo dessas medidas nos índices de cresciment­o econômico do país. Eles têm preferido colocar seu dinheiro em nações emergentes da Ásia, por exemplo.

As previsões de cresciment­o feitas pelo FMI para o Brasil seguem esse desânimo. Os números divulgados na terça-feira (15), durante a reunião anual do Fundo, não são animadoras mesmo se comparadas aos dados previstos para a economia mundial em forte desacelera­ção- ou aos esperados neste ano para países emergentes ou em desenvolvi­mento.

O Fundo espera um cresciment­o de apenas 0,9% do PIB (Produto Interno Brasileiro) para este ano -a previsão de abril era de 2,5%-, enquanto as expectativ­as para os demais emergentes, por exemplo, foram revistas de 4,5% para 3,9%.

Em 2020, o cresciment­o do PIB brasileiro pode chegar a 2%, de acordo com o Fundo, mas Husain pondera que será possível quantifica­r o impacto das reformas na economia de fato somente quando “os planos se tornarem medidas específica­s.”

“Na ausência dessas medidas, como fazemos em todos os países, não incorporam­os isso [quantifica­ção do impacto] em nossas previsões até que as medidas reais estejam em vigor.”

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