Folha de Londrina

R$ 1,2 BILHÃO

Setor é considerad­o ponto de partida do ecossistem­a de inovação da cidade; FOLHA faz uma radiografi­a da cidade canção em termos de tecnologia, inovação e empreended­orismo

- Economia@folhadelon­drina.com.br Mie Francine Chiba

Ponto de partida para ecossistem­a de inovação, setor de Tecnologia da Informação está entre os segmentos que mais faturam em Maringá

O setor de TI (Tecnologia da Informação) está entre os quatro segmentos econômicos que mais faturam em Maringá, junto com saúde, educação e o setor financeiro. Estima-se que existam cerca de 400 empresas ligadas ao setor na cidade, que empregam 5 mil profission­ais e têm 600 vagas abertas para mão de obra especializ­ada. A expectativ­a, para 2019, é que, juntas, elas faturem R$ 1,2 bilhão.

As empresas de TI do município colecionam conquistas para a cidade, haja vista o seu alto potencial econômico. Como se não bastasse a contribuiç­ão que gera para a economia da cidade, o setor ainda é considerad­o o ponto de partida do ecossistem­a de inovação da região.

Segundo levantamen­to realizado pelo Sebrae/PR, a cidade conta com uma ampla estrutura formada por universida­des, incubadora, parque tecnológic­o, acelerador­as, coworkings, investidor­es, programas de fomento, eventos, etc, que fez de Maringá a terceira cidade com maior número de startups. Hoje já são cerca de 40, distribuíd­as nas verva ticais de saúde, agro, mobilidade, indústria e educação, principalm­ente. Algumas delas surgem de dentro de grandes empresas de Maringá, outras começaram por conta e já receberam até investimen­to.

“Hoje podemos dizer que temos um ecossistem­a de inovação e empreended­orismo muito forte aqui na cidade. E é fruto dessas empresas de tecnologia de Maringá se posicionar­em como um berço de empresas de TI e TIC (Tecnologia da Informação e Comunicaçã­o), somado ao movimento que o Sebrae começou a criar para fomentar os ecossistem­as de startup”, diz Nickolas Kretzmann, gestor regional de Negócios de Alto Potencial do Sebrae/PR.

Nessa e em próximas reportagen­s, a FOLHA mostra como a economia da cidade canção está se desenvolve­ndo nos caminhos da tecnologia, da inovação e do empreended­orismo.

COOPERATIV­ISMO

A união das empresas de TI começou com a formação de um APL (Arranjo Produtivo Local), há mais de dez anos. O APL depois se transformo­u em uma entidade jurídica. chamada Software by Maringá (SbM).

“O espírito cooperativ­ista é forte em Maringá. Os empresário­s têm uma força muito grande de execução. Essa união, com o fomento do Sebrae, fez com que tudo acontecess­e, e rapidament­e - ser um polo, ter um Parque de TI, a quantidade de empresas certificad­as, ter quatro a cinco empresas no ranking das empresas no GPTW (Great Place To Work)”, comenta Luis Marcos Mancebo Campos, presidente da SbM.

Para ele, a luta que era das empresas de TI se tornou uma luta da cidade. “A cidade quer ser uma referência em tecnologia e isso tudo foi se ampliando e potenciali­zando toda a área de inovação da cidade.”

“De lá para cá o setor vem se estruturan­do e crescendo e tentando se firmar como polo. Hoje, Maringá já é um polo reconhecid­o em níveis nacional e internacio­nal”, destaca César Rael, diretor de Inovação e Tecnologia da Seide (Secretaria de Inovação e Desenvolvi­mento Econômico de Maringá). Prova disso é a presença, na cidade, de grandes empresas como uma que é considerad­a a maior fornecedor­a da Microsoft no Brasil. Outras já até exportam e lideram rankings como o das Melhores Empresas para Trabalhar (Great Place To Work).

EMPREGOS

Enquanto outros setores da economia enfrentam o problema de falta de vagas, o de TI tem de lidar com o desafio da falta de mão de obra – tem vagas de sobra, mas poucos candidatos especializ­ados para preenchê-las. “Quando a gente fala em mão de obra especializ­ada, fala em um salário diferencia­do, em que a média salarial é na faixa dos R$ 3,5 mil. Comparando com outros segmentos, é um valor bem acima do mercado e de outras regiões, inclusive”, salienta César Rael, diretor de Inovação e Tecnologia da Seide (Secretaria de Inovação e Desenvolvi­mento Econômico de Maringá).

Quando se mudou para um prédio no centro da cidade, dois anos atrás, uma empresa de software para desenvolve­dores maringaens­e esperacont­ribui ter espaço suficiente para seus colaborado­res por três anos. Dois anos depois, já teve de alugar uma sala na torre ao lado para acomodar seu pessoal. “A TecnoSpeed dobra de tamanho a cada três anos”, conclui Erike Almeida, diretor presidente da empresa, que foi classifica­da na 11ª posição do ranking nacional das empresas de porte médio no GPTW.

Por dois anos consecutiv­os, Maringá foi eleita a melhor cidade para se viver no País. Esse fator, somado às empresas empresas rankeadas no GPTW e ao salário considerad­o acima da média, faz com que os profission­ais de TI que saíram da cidade para trabalhar retornem pela qualidade de vida, opina o diretor de Inovação de Maringá.

POLÍTICAS PÚBLICAS

Devido ao alto potencial de faturament­o do setor de TI, Maringá aprovou ainda a lei do ISS Tecnológic­o. Tem, desde 2017, uma Lei de Inovação Municipal e passou a contar com um Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação (CMCTI), que tem entre os seus objetivos formular e propor ações e políticas públicas de promoção da ciência, tecnologia e inovação. Uma das ações do Conselho vai ser a criação de um Fundo Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação. “Tendo um recurso próprio para o setor fica muito mais fácil investir”, ressalta Rael.

QUALIDADE

Maringá também é agente Softex (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro), o que para que a cidade tenha um número elevado de empresas com certificaç­ões de qualidade. Hoje, já são mais de 20 certificad­as. “Isso fez com que o software produzido em Maringá tivesse credibilid­ade, qualidade e isso ficasse visível aos clientes”, opina o diretor presidente da TecnoSpeed. “Também fez com que, quando a gente vai para grandes centros como São Paulo ou Rio, nosso produto seja mais bem recebido, e que empresas que atuavam só localmente pudessem trabalhar no Brasil todo e, agora mais recentemen­te, houve um movimento de internacio­nalização.”

Essa maior visibilida­de de Maringá no setor de TI, para Almeida, atrai empresas de fora e motiva a criação de novos negócios.

PARQUE DE TI

A TecnoSpeed é uma das empresas que vão em breve para o Parque Tecnológic­o de Maringá. O Parque, que ficará ao lado da Praça do Japão, vai reunir, em um terreno de 170 mil metros quadrados, empresas que receberão benefícios do Prodem (Programa de Desenvolvi­mento Econômico de Maringá) para se instalarem.

“O parque vai ser a concretiza­ção de um sonho de muito tempo”, comenta Luis Marcos Campos, da SbM. Para César Rael, da Seide, o Parque Tecnológic­o vai materializ­ar o setor de TI de Maringá, cujas empresas ficam espalhadas pela cidade, “escondidas” dentro de prédios. Será uma “vitrine” das empresas de TI da cidade, que poderá viabilizar a realização de projetos em parceria, completa –, da TecnoSpeed.

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Fotos: Gustavo Carneiro Maringá conta hoje com 400 empresas ligadas à TI que empregam 5 mil profission­ais e estão em busca de mais mão de obra especializ­ada
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Luis Marcos Campos e César Rael: espírito cooperativ­ista impulsiona setor na cidade
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Erike Almeida comemora o desempenho de sua empresa: “dobra de tamanho a cada três anos”
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