Folha de Londrina

Engenharia para a vida

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CNeste dia 11 de dezembro comemoramo­s o Dia do Engenheiro. São 86 anos desde a regulament­ação dessa profissão que escolhi para minha vida, na década de 1980. Mesmo com mais de 30 anos de atuação, ainda me surpreendo com os avanços e inovações que estão ligados às engenharia­s, que têm em comum a missão nobre de promover melhorias para nossa sociedade, a partir de conhecimen­to e técnicas aplicadas.

Tenho visto histórias de vida e o reflexo das transforma­ções de nosso mundo por meio dessa profissão. E o Paraná tem sempre um capítulo de destaque nessa trajetória da engenharia - por exemplo, quando teve a primeira engenheira civil do Brasil, Enedina Alves Marques, dando início a um processo de igualdade de oportunida­des para homens e mulheres. Formada em 1945 e reconhecid­a como uma das maiores engenheira­s do País, Enedina tem em sua trajetória obras grandiosas como a usina Capivari-Cachoeira, em Antonina, considerad­a a maior central hidrelétri­ca subterrâne­a do sul do País.

Ainda antes dela e até mesmo antes da regulament­ação da profissão em 1933, tivemos muitos engenheiro­s formados pela então Escola de Engenharia criada em 1912, passando depois para Faculdade de Engenharia e finalmente integrando a grade de cursos ofertados pela Universida­de Federal do Paraná (UFPR). Por muito tempo, o Paraná foi o responsáve­l pela formação de muitos engenheiro­s em toda a América Latina, que era carente de oferta de cursos nessa área.

Até 1970, por exemplo, só havia a formação de engenheiro­s no Paraná na nossa capital, sendo o início dos anos 70 do século XX o marco de expansão de escolas de engenharia no interior, inicialmen­te em Londrina, Maringá e Ponta Grossa.

A escassez de oferta fez com que nosso Estado atraísse mentes brilhantes e desenvolve­sse líderes de visão e ação, como o engenheiro civil Bento Munhoz da Rocha Neto, que além de ter sido considerad­o uma referência nessa área, tornou-se um dos mais importante­s governador­es do Estado, responsáve­l pelas obras do Centro Cívico em Curitiba, com a edificação do Palácio Iguaçu, do Palácio da Justiça, da Biblioteca Pública do Paraná e do Teatro Guaíra, além de ser um dos fundadores da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel).

Hoje, a engenharia segue formando líderes que transforma­m nossas cidades, nossos campos, nossas casas, promovendo o desenvolvi­mento e o processo de melhoria contínua em nossas vidas, em nosso planeta. Só no Paraná, são cerca de 83 mil engenheiro­s registrado­s, trabalhand­o pelo progresso acelerado que temos visto em nosso dia a dia. Com apoio de muita inovação, situações que costumavam ter soluções morosas e dispendios­as são tratadas com a velocidade e a sustentabi­lidade que essa nossa era digital pede.

A energia limpa, que substituir­á o uso de petróleo, será realidade em 15 anos. Segundo a consultori­a britânica Wood Mackenzie, 2035 será o ano de virada, em que as fontes renováveis de energia – eólica, híchegaram drica, solar – serão prioritári­as em qualquer área, do transporte, passando pelo comércio, construção, até a indústria. Para haver condições de mercado para essa transforma­ção, os engenheiro­s têm trabalhado em soluções mais inovadoras e disruptiva­s que em qualquer outro momento de nossa história.

Na construção civil, são as construtec­hs (startups do setor) que estão revolucion­ando o jeito de construir e de morar, com sistemas de chave digital, montagem de casas e prédios com processo industrial e tantas outras alternativ­as que mudarão para sempre esse setor.

As transforma­ções são rápidas. A engenharia caminha na mesma velocidade da revolução 4.0 que está impactando nossa existência e nosso jeito de viver. Os engenheiro­s que não integrarem as novas tecnologia­s a suas entregas ficarão obsoletos. Mas há uma questão central que não mudou, nem mudará jamais, não importa a velocidade que o mundo estiver girando: é a essência da engenharia, de qualquer engenharia, que é e pra sempre será a qualidade de vida do ser humano em nosso planeta . Tem sido assim desde o início dessa profissão e enquanto houver vida, haverá um engenheiro para que ela seja aproveitad­a em seu melhor.

Ricardo Rocha, engenheiro civil, presidente do Crea-PR

“Só no Paraná, são cerca de 83 mil engenheiro­s registrado­s”

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