Mais do que vice, Cristina Kirchner terá atuação no Congresso
Buenos Aires - Muito se discutiu sobre qual será a atuação de Cristina Kirchner em sua volta ao poder na Argentina, agora na condição de vice de Alberto Fernández. Agora, o cenário está delineado. A ex-mandatária terá função estratégica junto ao Congresso e aos ministérios e também coordenará a relação do Executivo com as províncias.
Segundo a lei argentina, o vice-presidente comanda as sessões do Senado. Cristina, porém, fará um pouco mais do que isso. Assim como designou Fernández para ser o candidato a presidente em sua chapa, ela e seu grupo montaram as listas de candidatos à Câmara de Deputados e ao Senado. Em ambas as Casas, o peronismo terá maior número de vagas.
Na Câmara de Deputados, terá como líder da bancada Sergio Massa, que foi chefe de gabinete no primeiro mandato de Cristina e abdicou da candidatura presidencial neste ano para apoiar a chapa kirchnerista.
Outro com papel importante será Máximo Kirchner, filho de Cristina e líder da agrupação La Cámpora, que contará com representantes em postos-chave como no Ministério do Interior, a ser ocupado por Eduardo “Wado” de Pedro. Massa e Máximo garantem a influência de Cristina em duas comissões estratégicas no Congresso. Na do orçamento, a vice-presidente terá como influenciar os repasses para as províncias, o que a coloca como operadora política de Fernández junto aos governadores.
A outra área à qual Cristina terá acesso direto é a da designação de juízes. Uma reforma, de 2017, passou a exigir aval do Congresso para algumas nomeações, como em caso de falta dos magistrados ou de substituição dos titulares. Esse ponto é crucial, uma vez que ela é investigada em nove casos de corrupção. Ainda há outros processos que envolvem líderes kirchneristas.
A decisão de colocar Martín Guzmán como ministro da Economia se deu, também, por insistência de Cristina, uma vez que é seguidora do ganhador do Nobel Joseph Stiglitz, padrinho do escolhido. Foi ela quem deu a palavra final entre os que disputavam a vaga.
Cristina Kirchner, portanto, será também a líder do peronismo dentro do atual governo. Por mais que tenha havido um entendimento entre ela e Fernández sobre quem aparece em primeiro plano e quem atua nos bastidores, basta olhar as decisões das últimas semanas para que fique claro que ela será bem mais do que uma vice-presidente no governo.(S.C.)