Folha de Londrina

Dengue: um problema ‘explosivo’

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Um cenário alarmante de consequênc­ias gravíssima­s se revela em Londrina. De acordo com autoridade­s de Vigilância Sanitária, a cidade se prepara para a sua pior crise no combate à dengue. Nas três primeiras semanas do ano, já são 553 casos suspeitos da doença, com seis casos confirmado­s e duas mortes sob investigaç­ão: uma mulher de 60 anos e outra de 29.

O temor é que este ano bata o recorde de mortes de 2019, quando oito pessoas vieram a óbito em decorrênci­a da doença, que teve 288 ocorrência­s confirmada­s. A diretora de Vigilância em Saúde de Londrina, Sônia Fernandes, espera uma “epidemia explosiva”. A preocupaçã­o é grande porque, ao contrário dos anos passados, procedimen­tos básicos como a aplicação do fumacê e de larvicidas não estão sendo executados.

O principal produto de combate ao Aedes aegypti, o inseticida Malathion, está em falta desde novembro do ano passado. Já os larvicidas disponívei­s venceram no dia 1° deste mês. Segundo as autoridade­s em saúde locais, o Brasil está desabastec­ido do Malathion desde maio de 2019, por causa de uma grande quantidade de produtos vencidos e com problemas de qualidade decorrente­s de alterações químicas em sua formulação.

Se o desabastec­imento do inseticida é um problema nacional, Londrina carrega ainda outros problemas crônicos, como a negligênci­a de moradores que insistem em subestimar o potencial de destruição da doença ao descartar lixo nas ruas, ou mesmo não manter em dia a limpeza do próprio quintal. A equipe de reportagem da FOLHA percorreu algumas regiões da cidade e, sem muita dificuldad­e, encontrou muita sujeira, um prato cheio para a proliferaç­ão do mosquito.

Por parte do poder público, espera-se rigor na fiscalizaç­ão, com sanções e multas pesadas para quem insistir em descartar lixo irregular ou manter condições favoráveis para a proliferaç­ão do Aedes. Também é preciso fortalecer a rede de combate à dengue e os serviços de atendiment­o nos postos. Há o risco iminente de um colapso do sistema de saúde pública diante da procura dos pacientes infectados pelo Aedes.

É inacreditá­vel que a experiênci­a recente não sirva de exemplo para que toda a sociedade se mobilize em torno de uma solução duradoura para a dengue. Os cuidados não podem ser tomados apenas quando a situação está crítica. A dengue mata e, sim, a vítima pode ser você.

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