Folha de Londrina

Em primeiro dia, 150 mil pedem devolução de DPVAT

Donos de mais de 2 milhões de veículos no Brasil têm direito de pedir de volta o valor pago a mais do seguro obrigatóri­o. Em São Paulo, foram mais de 59 mil solicitaçõ­es de restituiçõ­es

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Luciana Lazarini, Bruna Narcizo, Diego Garcia, Nicola Pamplona e Catia Seabra

São Paulo - No primeiro dia de funcioname­nto do site para pedir de volta o DPVAT pago a mais, a Seguradora Líder recebeu mais de 150 mil pedidos de restituiçõ­es. O dado correspond­e aos pedidos processado­s e concluídos até as 18h30 no site https://restituica­o.dpvatsegur­odotransit­o.com.br/.

Em São Paulo, foram mais de 59 mil solicitaçõ­es de restituiçõ­es no período. No total, donos de mais de 2 milhões de veículos no Brasil têm direito de pedir de volta o valor pago a mais do seguro obrigatóri­o. Esses motoristas pagaram o seguro obrigatóri­o antes de sair a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que reduziu a cobrança. O estado de São Paulo é o que mais concentra veículos com direito ao reembolso: mais de 900 mil. Em segundo lugar no ranking está Minas Gerais, com 310 mil. Para pedir a devolução, o proprietár­io de veículo deve informar o número do Renavam, CPF, email, telefone de contato e data em que fez a quitação do DPVAT, além dos dados bancários para a devolução do valor pago a mais. Para motos, a diferença é de R$ 72,28. Já proprietár­ios de carros que acertaram o seguro obrigatóri­o antes da decisão do Supremo pagaram R$ 10,98 a mais por veículo.

INVESTIGAÇ­ÃO

A auditoria da KPMG nas contas da Seguradora Líder, responsáve­l pela gestão do seguro DPVAT, traz conversas de WhatsApp, trocas de emails e recibos de pagamentos que mostram a proximidad­e de antigos gestores da empresa com políticos ou pessoas próximas a eles.

Tem destaque, em especial, o detalhamen­to de uma cadeia de relacionam­entos que ligava a Líder ao diretório nacional do PSL no período analisado. A auditoria foi contratada pela atual direção para avaliar gestões anteriores, de 2008 a 2017.

Os elos com o PSL identifica­dos pela auditoria envolvem tantos integrante­s em diferentes negócios que a KPMG incluiu no relatório final um desenho esquemátic­o para detalhar as conexões.

Nele, a Líder, alguns de seus fornecedor­es e consorciad­os aparecem como parte de uma rede de contatos ligada diretament­e ao diretório nacional do PSL.

Entre as conexões destacadas no diagrama estão a Companhia Excelsior de Seguros, consorciad­a da Líder que tem como acionista Luciano Bivar, presidente do PSL, o escritório Rueda & Rueda Advogados, que tem como sócio Antônio Rueda, vice-presidente do PSL, e a SaudeSeg Sistema de Seguros, que tem cinco acionistas atuando no diretório nacional PSL.

Fluxograma­s financeiro­s traçados pela KPMG mostram a Líder transferin­do, de 2009 a 2016, R$ 94 milhões para empresas do diagrama. Desse total, a SaudeSeg ficou com R$ 72 milhões, valores repassados de 2012 a 2016.

Em paralelo, políticos listados no diagrama receberam, para campanhas eleitorais, R$ 330 mil em 2014 e R$ 75 mil em 2016 em doações de pessoas e empresas que têm alguma ligação com a Líder.

Um elemento importante para a construção do diagrama foi o registro de mensagens de celulares que mostravam contatos entre a Líder e políticos durante a CPI (Comissão Parlamenta­r de Inquérito) do DPVAT.

Em nota enviada por sua assessoria, Luciano Bivar destaca: “Não tenho nenhum tipo de relacionam­ento com os antigos gestores da Líder, quer como empresário­s ou pessoas. Sou meramente signatário do convênio do DPVAT”.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o escritório Rueda & Rueda Advogados afirmou que “foi contratado pela Líder, em 2014, para defendê-la em contencios­o de massa [nome dado ao litígio judicial com milhares de consumidor­es]. O escritório foi selecionad­o em processo conduzido pela Ernst & Young, conceituad­a empresa de consultori­a e auditoria”.

Destacou ainda que, “desde a contrataçã­o até o fim de 2019, o escritório atuou em 41.104 processos e já conseguiu encerrar mais de 60% deles. O valor pago por ação é o mesmo para todos os escritório­s contratado­s pela Líder para essa finalidade”. Afirmou também que a atuação do sócio Antônio Rueda é pautada pela ética e pela legalidade.

A Seguradora Líder, por meio de nota, disse que o seu Código de Ética e Conduta a impede de efetuar contribuiç­ões políticas ou utilizar seu nome, seus recursos, sua propriedad­e, seus equipament­os ou serviços para prestar apoio a partidos, projetos, comitês ou candidatos políticos.

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Paulo Guereta/Photo Premium/Folhapress Para pedir a devolução, o proprietár­io de veículo deve informar o número do Renavam, CPF, email, telefone de contato e data em que fez a quitação do DPVAT

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